A inflação oficial do país medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou
2019 em 4,31%, portanto, acima do centro da meta estipulada pelo governo (de 4,25%). O

aumento dos preços ao longo do ano também é o maior registrado desde 2016 e disparou
sobre o resultado de 2018, quando fechou em 3,75%. O índice anualizado foi divulgado nesta
sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O preço da carne disparou a ponto de inviabilizar o consumo do item nas classes mais baixas,
crescendo 32,4% no ano, e teve participação decisiva na elevação do item “alimentos e
bebidas”.
As maiores altas foram registradas na reta final do ano, especialmente entre novembro e
dezembro, como um desdobramento do crescimento de exportações para a China. O governo
sem nenhuma política de abastecimento não moveu uma palha para equilibrar a oferta para o
consumo interno.
Apenas em dezembro, o IPCA acelerou para 1,15%, a maior taxa para o mês desde 2002.
Com o peso do preço da carne, o grupo Alimentos e bebidas apresentou alta de 6,37% nos
preços; seguido pelos custos com Transportes (3,57%) e Saúde (5,41%).
Do primeiro grupo, além da carne, o preço do feijão-carioca acumulou alta de 55,99% no ano.
No grupo de Saúde, o reajuste autorizado pela Agência Nacional de Saúde (ANS) adicionou
8,24% no valor dos planos de saúde.
Outro grande impacto foi o preço dos combustíveis que, no caso do diesel e do etanol, cresceu
acima da inflação: 5,85% e 9,85% respectivamente. A gasolina teve aumento de 4,03% nos
preços segundo o cálculo do IPCA.
No grupo de Habitação, a pressão veio do valor da energia elétrica: alta de 5% em 2019.
Embora o Ministério da Economia de Jair Bolsonaro tenha fixado um centro da meta para a
inflação ligeiramente mais baixo para este ano (4%), as perspectivas para 2020 já começam
mal.
No mês passado, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras (Abiec)
afirmou que para 2020 “na média, nós não vamos retroagir nos preços da arroba, nem no
preço de carne”. Em tom de pouca preocupação, Bolsonaro deixou claro que acha o
movimento de preços “natural”. “Estamos em uma política de livre mercado”, disse.