Além do aumento da carestia para toda a população e, em especial para os mais pobres, o elevado preço da energia elétrica tem sido uma pedra no sapato das micro e pequenas empresas, o que, com certeza, também vai acabar pesando no bolso do consumidor.

Um levantamento do Indicador de Atividade da Micro e Pequena Indústria, de junho, encomendado pelo Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo (Simpi) ao Datafolha, revela que 62% das micro e pequenas indústrias paulistas arcaram com aumentos expressivos e sucessivos na conta de energia elétrica desde o início deste ano, e que esperam prejuízos ainda maiores em julho, com a cobrança extra decorrente do reajuste na bandeira tarifária patamar 2.

A pesquisa mostra que um quarto das empresas gastam mais de 10% do faturamento apenas com a conta de luz, 69% gastam até 10% do faturamento, 7% das pequenas indústrias gastam mais de 20%, e 18% gastam entre 11% e 20% com energia elétrica.

“O cenário é muito ruim”, afirmou ao Estadão o presidente do Simpi, Joseph Couri.

Ele lembra que essa pesquisa se refere ao mês de junho e que, “em julho tivemos um novo aumento de energia”.

Segundo ele, “se chegar, nós esperamos que não chegue, novos aumentos de energia, isso vai aprofundar mais a inflação, isso vai aprofundar mais a perda de poder aquisitivo da sociedade, porque os salários não acompanham nem a inflação que passou e que está sendo causada por essa elevação de energia elétrica. Se houver o desabastecimento e o racionamento, as consequências serão piores ainda”, disse.

“Agora estamos no seguinte dilema: o seu custo sobe, mas a sua capacidade de repassar esses preços não acompanha a velocidade da tarifação de energia elétrica. Dia tal subiu e pronto, e você não tem o que fazer, ou paga ou tem um corte de energia”, relatou Couri.

Em relação às ameaças de racionamento e de desabastecimento de energia, o estudo aponta que 59% das indústrias seriam obrigadas a parar totalmente a produção em caso de falta de energia elétrica e outros 23% dos entrevistados teriam que paralisar parte da produção.

Para Joseph Couri, o resultado do estudo se revela mais grave ainda justamente nesse momento, que deveria ser de retomada e normalização das atividades com o avanço da imunização da população brasileira.