No mês de outubro, mais de 460 mil trabalhadores com carteira assinada ingressaram com pedido de seguro-desemprego no país, de acordo com dados divulgados na sexta-feira (6) pelo Ministério da Economia. Na comparação com setembro, o número apresentou um pequeno recuo de 1,2% – mas fez crescer o volume de requerimentos do benefício no ano para 5,912 milhões de brasileiros que perderam emprego e renda em plena pandemia da Covid-19.

Na comparação com o mesmo período do ano passado (2 de janeiro a 31 de outubro), representou um aumento de 3,6%, mostrando que a economia do país, que já vinha estagnada, ainda está longe de se recuperar dos efeitos da Covid-19.

O pico de solicitações do seguro-desemprego se deu logo depois de as autoridades estaduais decretarem quarentena, necessária para a contenção da Covid-19. A ajuda prometida pelo governo federal retardou ou não chegou na ponta e diversas empresas fecharam as portas ou reduziram drasticamente o número de funcionários.

Em maio, o número de pedidos de seguro-desemprego chegou a 960 mil. Em junho, as requisições somaram 653 mil, 570 mil em julho e 463 mil em agosto. Em setembro, voltou a subir, chegando a 466 mil solicitações.

Baseado nessa redução gradual nas solicitações do seguro-desemprego e nos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que nos últimos meses ficaram positivo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, chega a afirmar que o emprego no país já está em plena recuperação. Pesquisadores, no entanto, alertam para evidências da subnotificação de demissões nos dados do Caged que registra dados bem distante da explosão do desemprego no país verificados pelo IBGE.

Apesar do saldo positivo do Caged em setembro, no acumulado do ano o emprego formal está negativo (-558.597 vagas). A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad Contínua) do IBGE registrou recorde de desocupação em agosto, com uma taxa de 14,4% – ou 13,8 milhões de desempregados. No trimestre encerrado em agosto, 2 milhões de trabalhadores com carteira assinada perderam o emprego na comparação com o trimestre anterior.

Trabalhadores do setor de serviços lideram pedidos

De acordo com o sítio do governo federal, 41% das solicitações de seguro-desemprego em outubro partiram do setor de serviços. O comércio veio em seguida, com 26,8%; depois a indústria (15,3%) e construção (9,7%). A maior parte dos trabalhadores recebia entre 1 e 1,5 salário mínimo, tem entre 30 e 39 anos e ensino médio completo.