Mesa do ato pela Palestina: Emir Murad, – Confederação Palestina da América Latina e Caribe; Mustafá Abduni, Cônsul da Joradânia; embaixador da Palestina, Ibrahim Al Zeben; o Imam Wissam Issa, deputadas Beth Sahão e Leci Brandão; cônsul de Cuba, Pedo Monzón; padre João Abdullah, da Igreja Ortodoxa e ex-deputado Jamil Murad

“A violação dos direitos do povo palestino, é a violação do direito de todos os povos”, afirmou o ex-deputado Salvador Khuriye, que secretariou o ato solene pela passagem do Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino, realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo, no dia 11.

A deputada Leci Brandão (PCdoB), uma das promotoras do evento, destacou: “Quando trato de uma questão como a questão palestina, lembro também das agruras que a nossa ancestralidade enfrentou aqui, no Brasil, é importante. Sou uma artista que tem procurado defender o povo brasileiro contra as injustiças de todas as formas, assim como tenho procurado colocar o meu mandato contra todas as injustiças aqui ou como vem acontecendo com o povo palestino”.

Ela destacou que entrou em contato com o drama do povo palestino durante os debates da 1ª Conferência Nacional pela Igualdade Racial em 2005.

“Esta Casa tem o dever de lutar pela preservação dos direitos humanos”, afirmou a deputada Beth Sahão, que presidiu a mesa, lembrando que, na data da homenagem ao povo palestino, “há 15 anos, faleceu o líder maior da causa palestina, Yasser Arafat”.

“Os Estados Unidos sempre tiveram uma atuação negativa com relação às questões palestinas mas, com a chegada de Trump à presidência essa interferência piorou ainda mais”, destacou ainda a deputada.

“O povo palestino se encontra no interior da maior prisão a céu aberto em todo o mundo e isso, em pleno século XXI”, destacou o escritor Waldson Dias, “não estamos diante de uma questão religiosa provocadora de um conflito, mas diante de uma questão de inaceitável limpeza étnica”.

Ele citou Nelson Mandela dizendo que “nenhum de nós será livre enquanto o povo palestino não for livre”.

Waldson, que esteve recentemente na Palestina, deve escrever um livro sobre sua ida ao país ocupado, junto com Christian Rizzi e Marcelo Freire, viagem da qual resultou a exposição fotográfica Palestina: Fragmentos de uma História, disposta no hall do auditório Paulo Kobayashi, onde se realizou o ato solidário, com fotos de Christian.

Cartaz da exposição fotográfica em paralelo ao ato de solidariedade

O ex-deputado Ítalo Cardoso, representou o Condepe, Conselho Estadual da Pessoa Humana e o Conselho de DH da OAB de São Paulo, destacou que “a luta do povo palestino inspirou a luta de muitos de nós ativistas e militantes. Através de iniciativas como essa de hoje fomos conhecendo o tamanho e a importância da solidariedade”.

Jamil Murad falou em nome do Cebrapaz, “um organismo que congrega a todos os que se manifestam em solidariedade aos povos e na luta pela paz no mundo”

“Condenamos veementemente a anexação de territórios palestinos e o genocídio do povo palestino conduzido das mais diversas formas pelo Estado de Israel”, acrescentou Jamil.

Ele declarou ainda: “Repudiamos as atitudes do atual governo de Jair Bolsonaro que rompendo com uma larga tradição da diplomacia brasileira coloca-se inteiramente subordinado aos Estados Unidos e a Israel, inclusive votando por diversas vezes contra resoluções da ONU que defendem os direitos básicos do povo palestino e que traçam o caminho para que se alcance uma paz justa, a paz no Oriente Médio só será alcançada com o fim da ocupação israelense garantindo aos palestinos o direito a autodeterminação e ao estabelecimento do Estado Palestino dentro das fronteiras de 4 de junho de 1967 tendo Jeusalém como capital”.

Deputada Leci Brandão: “Sou uma artista que tem procurado defender o povo brasileiro contra as injustiças de todas as formas, assim como tenho procurado colocar o meu mandato contra todas as injustiças aqui ou como vem acontecendo com o povo palestino”.

“O neofascismo de Bolsonaro tem pontos em comum com o cinismo dessa agressão mas não representa o povo brasileiro, historicamente solidário ao povo palestino”, finalizou.

Pedro Monzón, cônsul de Cuba em São Paulo expressou a solidariedade do povo cubano aos palestinos e lembrou que a ONU sempre vota, de forma unânime contra o bloqueio a Cuba, com apenas dois votos contrários, o dos Estados Unidos e o de Israel e que este ano, desafortunadamente estiveram acompanhados do voto do governo brasileiro.

Bashir, filho de imigrantes libaneses e presidente da União da Juventude Socialista de Diadema lembrou que “a opressão sofrida pelo povo palestino não está desconectada da opressão sofrida pelos povos árabes pelos Estados Unidos e contra os quais já foram promovidas guerras cujo interesse reside no petróleo e outras das riquezas árabes”.

“Temos que falar da união de todos os povos contra o imperialismo, porque é o imperialismo que ataca o povo palestino”, prosseguiu Bashir.

Deputada Beth Sahão: “Os Estados Unidos sempre tiveram uma atuação negativa com relação às questões palestinas mas, com Trump, essa interferência piorou ainda mais”

Emir Murad, secretário geral da Confederação Palestina da América Latina e Caribe homenageou o fundador do Movimento Negro Unificado, Milton, que esteve em uma primeira visita de solidariedade brasileira ao povo palestino, junto com parlamentares e sindicalistas brasileiros e se encontraram com o líder palestino Yasser Arafat, em 1980, no Líbano.

Essa delegação visitou os campos de refugiados palestinos e dessa visita foi produzido um filme chamado “Sanaud”, “Voltaremos”.

Emir lembrou o projeto do deputado Benedito Cintra do PCdoB que instituiu em 1984 o Dia de Solidariedade ao Povo Palestino em São Paulo.

Projeto sancionado pelo govenador Franco Montoro na época. “Durante 30 dias batemos à porta dos gabinetes, orientados pelo companheiro Ali El Khatib”. Por fim, homenageou os “lutadores da Intifada a revolta popular de 1987 quando o povo palestino se subleva exigindo seus direitos nacionais inalienáveis ao retorno e à autodeterminação. Nossa homenagem eterna ao líder e comandante Yasser Arafat” .

E, em nome da Coplac, agradeceu ao trabalho de solidariedade dos movimentos populares brasileiros ao longo de décadas e também agradeceu ao líder comunitário de Foz do Iguaçu, Jihad Abu Ali, que foi fundamental para viabilizar a ida do grupo que produziu a exposição.

Claude Hajjar, Fearab-América, denunciou que “o governo brasileiro está atuando em acordo com Trump e o governo de Israel no sentido de que a Palestina deixe de existir”. Ela convocou “todos as entidades, lideranças brasileiras, em especial os que integram as comunidades árabes para que juntos resistamos a este absurdo”.

“Nós derrotamos a sanha que pretendia fazer com que a Palestina fosse apagada e esquecida. Graças ao movimento nacional palestino nós a derrotamos”, afirmou o presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil, Fepal, Ualid Rabah

“Nós derrotamos a sanha que pretendia fazer com que a Palestina fosse apagada e esquecida. Graças ao movimento nacional palestino nós a derrotamos”, afirmou o presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil, Fepal, Ualid Rabah. Ele fez uma homenagem especial aos refugiados palestinos, “o símbolo maior da maior limpeza étnica do pós-Segunda Guerra”.

“Somos 0,2% da população mundial enquanto os palestinos somos quase 9% dos refugiados no mundo, 6 milhões em 70. 45 refugiados palestinos para cada um de qualquer grupo étnico de refugiados da face da Terra. Foi a luta dos campos de refugiados que fez renascer a nossa luta pela causa palestina”.

As declarações foram encerradas pelo embaixador da Palestina, Ibrahim Al Zeben: “Este ato foi para mim um aprendizado para seguir lutando. Foram 16 pronunciamentos a favor da Palestina. A causa palestina vive, vence e vencerá. Nenhum de vocês está aqui por ser obrigado. Vocês estão aqui por um mandado de suas consciências. Vocês são os porta-vozes da Questão Palestina. Não somos rancorosos. Nossas mãos seguem estendidas à paz. Uma paz celebrada entre homens valentes e valorosos como dizia o saudoso Arafat”. “Estamos dispostos”, prosseguiu, “a seguir o caminho de um povo de mais de 10 mil anos. Nossa luta é por nossa dignidade e por soberania”.

Ele referiu-se à trapaça do “Acordo do Século”, montado por Trump: “Nos oferecem ‘prosperidade’ em troca de abrirmos mão de nossa soberania. Somos, sim, a favor da prosperidade mas, essa oferta é um suborno que nós não aceitamos”.

“Saudando as autoridades religiosas aqui presentes, ao tempo em que insistimos que o conflito não é religioso. É um conflito político e territorial”.

“Companheiras deputadas somos também solidários com vocês e com o povo brasileiro. Estamos na mesma luta, no mesmo caminho. Venceremos. Obrigado a todos vocês”.

O Sindicato dos Escritores de São Paulo, cuja nova diretoria foi eleita na mesma noite, foi representado no ato pelo diretor Lejeune Mirhan.