Ato “Ditadura Nunca Mais” lota auditório da ABI
Mais de 500 pessoas lotaram a sede da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), no Rio de Janeiro, no ato “Ditadura Nunca Mais”, que reuniu jornalistas, juristas, estudantes, políticos e artistas contra os ataques constantes do governo Bolsonaro aos direitos humanos e à democracia.
O ato, ocorrido na terça-feira, 3, foi organizado pela Comissão da Verdade do Rio de Janeiro depois que a memória do pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o militante político Fernando Santa Cruz, foi vilipendiada pelo presidente Bolsonaro. Sequestrado, torturado e morto nos anos 70 pelos órgãos de repressão da ditadura militar, o corpo de Fernando jamais foi encontrado por seus familiares.
Seu filho, o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, que não pôde comparecer ao ato, enviou um vídeo, onde afirmou: “essa é uma luta de todos os democratas. Não importa o que pensem politicamente a esquerda, a direita. É uma luta da sociedade brasileira. Uma luta histórica”.
“Uma luta para não deixar que a nossa juventude compreenda que a ditadura foi algo positivo. Não, não foi. Tudo o que nós vivemos de liberdade, de avanço, é fruto da democracia e fruto da luta dos que resistiram à ditadura militar”, disse.
O presidente da ABI, Paulo Jerônimo de Sousa, lembrou que “nós, jornalistas, sabemos muito bem o que é viver numa Ditadura. A censura impera. As conquistas começam a ser desconstruídas, como no caso das comissões de violações aos direitos humanos. A ABI está nesta luta, contem conosco”.
“Acreditamos num país que tenha democracia plena. Vivemos um instante de perplexidade em que os direitos humanos continuam a ser violados. O momento exige manifestações como estas, que representam o pensamento do Brasil democrático. É hora de acordarmos e dizermos: basta!”, afirmou o ex-ministro e ex-coordenador da Comissão Nacional da Verdade, José Carlos Dias.
Denunciando os ataques que vêm sendo cometidos pelo governo à Comissão Nacional da Verdade e à liberdade de informação e imprensa, o advogado Álvaro Quintão disse que “o presidente quer naturalizar a ditadura e dizer que foi um período de ordem e progresso”.
O advogado destacou ainda que o presidente “desqualifica as comissões e quer criar um estado policial. Estamos aqui para denunciar. Precisamos de união e coragem para enfrentar o que está por vir”.