“Há 10 mortes”, disse o chefe de polícia de Boulder, cidade onde ocorreu a chacina

Um atirador desvairado matou dez pessoas a tiros em um supermercado em Boulder, a 40 km de Denver, Colorado, na segunda-feira (22) no enésimo caso de chacina fortuito nos EUA dos últimos 20 anos.

Na semana passada, foram oito – dos quais, seis mulheres asiáticas – os mortos de outra chacina, em Atlanta, na Geórgia.

“Nossos corações estão com todas as famílias afetadas. Há 10 mortes”, disse o chefe de polícia de Boulder, Maris Herold, em uma entrevista coletiva na noite de segunda-feira, várias horas depois da matança. O suposto atirador foi ferido e preso.

Entre as vítimas está o policial Eric Talley, que foi o primeiro a responder aos relatos de um atirador com “um rifle de patrulha” no King Soopers do bairro de Table Mesa, disse Herold, chamando a conduta do policial de “heroica”.

Os nomes de outras vítimas não foram divulgados, pois a polícia ainda precisa notificar seus familiares.

Embora a polícia tenha se recusado a identificar o suspeito, uma transmissão ao vivo de um meio de comunicação local mostrava um homem sendo levado para fora do local do tiroteio algemado. Ele estava parcialmente nu e visivelmente ensanguentado. A polícia disse que a única pessoa ferida no incidente foi o suspeito.

Nenhum motivo para o tiroteio foi estabelecido ainda, com a polícia dizendo que a investigação está em seus estágios iniciais. Junto com a polícia, órgãos federais, estaduais e locais participam da investigação.

O procurador Michael Dougherty prometeu justiça para as vítimas “cujas vidas foram tragicamente destruídas pelo atirador”.

Testemunhas descreveram o terror, pânico e caos dentro da loja, durante o tiroteio. Uma avó, que conversava com as netas que estavam na loja ouviu do outro lado da linha pelo menos oito tiros sendo disparados. O pai agarrou as meninas e as levou escada acima para se protegerem em um armário de casacos. Elas depois contaram ter tido muito medo, porque os casacos não eram compridos o suficiente para esconder seus pés.

Ryan Borowski disse à CNN que estava fazendo compras na loja quando ouviu os primeiros tiros e, no terceiro, todos estavam correndo. Ele disse que não podia acreditar no que aconteceu em sua cidade. “Boulder parece uma bolha e a bolha estourou”, disse Borowski. “Este parece o lugar mais seguro da América, e quase fui morto por conseguir um refrigerante e um pacote de batatas fritas.”

Ambulâncias e vários órgãos de segurança pública chegaram à loja, que faz parte de um grande shopping center com um shopping center de dois andares ao lado.

A ex-deputada do Arizona, Gabrielle Giffords, defensora do controle de armas e sobrevivente de um tiroteio em massa, disse que a chacina de segunda-feira no Colorado é outro lembrete de que “já passou da hora de nossos líderes agirem” para resolver o controle de armas.

“Isto não é normal e não tinha de ser desse jeito”, ela disse em uma declaração. Giffords foi baleada na cabeça em 2011 em Tucson, Arizona, em um evento em que se dirigia a seus eleitores. Ela sobreviveu, mas seis pessoas foram assassinadas pelo atirador.

Este tipo de tiroteios em escolas, centros comerciais e locais de culto são frequentes nos Estados Unidos e trazem a marca de uma sociedade que nos últimos 50 anos se dedicou a invadir terra alheia, pilhar, humilhar, seviciar e matar outros povos, deixando um rastro de devastação também nos que se viram reduzidos eles próprios a carne de canhão. Sem falar no histórico, na formação como nação, dos massacres de escravos e indígenas, aos quais se negava a condição humana. Sociedade, ademais, individualista ao extremo, crescentemente incapacitada à empatia e empurrada a se armar. Como se costuma dizer, as galinhas voltam, e de novo voltam, para ciscar em casa.