Moradores de Mariupol chegaram a iniciar saída da cidade, mas foram detidos por tiros de neonazis ucranianos

Ataque de integrantes do neonazi Batalhão Azov contra uma coluna de civis que se deslocava no corredor humanitário de evacuação de Mariupol fez fracassar no domingo (6) a segunda tentativa consecutiva de retirada da população da cidade, acertada previamente, conforme os acordos a que se chegara na última reunião Rússia-Ucrânia.

De acordo com as informações preliminares, dois civis foram mortos e mais quatro ficaram feridos, segundo a RIA Novosti. As forças antifascistas do Donbass denunciaram que o ataque ocorreu no corredor humanitário da rodovia M23 em direção a Novazovsk.

Em telefonema com o presidente francês Emmanuel Macron, o presidente Vladimir Putin afirmou que os extremistas ucranianos querem manter os civis como reféns, “escudos humanos”.

Os antifascistas apontaram que esse ataque prova mais uma vez que o exército ucraniano “viola propositadamente as normas da Convenção de Genebra para a Proteção da População Civil em Tempo de Guerra”. Eles ressaltaram que “crimes de guerra cometidos não têm prazo de prescrição”.

As forças russas têm uma grande experiência em lidar com esse tipo de situação, a criação de corredores humanitários, pois sabidamente organizou muitos na Síria para pacificar áreas no país do Oriente Médio.

Cruz Vermelha

A Cruz Vermelha Internacional confirmou o “fracasso” devido à falta de “acordo de trabalho entre as partes”. Os ônibus chegaram a três pontos de partida e a retirada chegou a começar, mas foi encerrada diante do risco para os civis a serem evacuados.

“Hoje, nossa equipe começou a abrir a rota de evacuação de Mariupol antes que as hostilidades recomeçassem. Permanecemos em Mariupol e estamos prontos para ajudar a facilitar novas tentativas – se as partes chegarem a um acordo, que deve ser implementado e respeitado”, acrescenta o comunicado pelo Twitter.

“As pessoas em Mariupol e em outros lugares da Ucrânia estão vivendo em situações desesperadoras. Elas devem ser protegidas o tempo todo. Elas não são um alvo. As pessoas precisam urgentemente de água, comida, abrigo. O básico da vida. Precisamos de garantias de segurança para poder trazer-lhes ajuda”, conclamou a instituição.

Ainda no sábado, ao anunciar o acordo do corredor humanitário, o líder da República Popular de Donetsk, Eduard Basurin, afirmara esperar “que os comandantes ucranianos encarregados de defender as localidades populosas ordenem a seus subordinados que desbloqueiem a saída para que os civis possam deixar essas localidades”.

O comando de Mariupol, isto é, o Azov, disse que seus esforços estavam “concentrados em defender a cidade”.

Mariupol

No primeiro dia, apenas 87 pessoas conseguiram deixar Mariupol, que é um porto importante e tem 200 mil habitantes e, no domingo, cerca de 300, segundo fontes russas.

Na cidade, falta energia elétrica e aquecimento, o abastecimento de água é precário, e a comida está acabando.

Desde que assaltou a cidade em julho de 2014, quem manda e desmanda em Mariupol é o Batalhão Azov, a mais notoriamente neonazista unidade das forças ucranianas.

O conselho da cidade de Mariupol havia anunciado um cessar-fogo temporário das 10h às 21h (horário local) e a organização de corredor humanitário até Zaporozhye, a cerca de três horas de estrada, segundo o canal Telegram da Câmara Municipal.

No domingo, o Ministério da Defesa russo acusou os extremistas ucranianos de terem desencadeado uma operação de limpeza étnica nos territórios sob seu controle. “Os radicais invadem as casas e apartamentos da população civil, verificam documentos nas ruas”, disse o comunicado. Todos aqueles que não têm passaporte ucraniano estão sendo levados pelos militantes em direção desconhecida, advertiu. Na véspera, o chanceler russo Sergei Lavrov denunciou que estudantes indianos estavam sendo impedidos de deixar Kharkov, que é a segunda maior cidade ucraniana.