Ataques de drones eliminaram metade da capacidade de petróleo saudita

Os crimes sauditas “vão aumentar nossa determinação e vontade de responder a sua injusta agressão e seu bloqueio”, afirmou o brigadeiro Yahia Sare’e, porta-voz das forças armadas do governo revolucionário iemenita, ao assumir a autoria da ação que incendiou as refinarias de Khorais e Boqouaeq pertencentes à empresa saudita de petróleo, a Aramco, no dia 14.

O próprio monarca saudita, o tirano Abdulaziz Bin Salman, assumiu o revés afirmando que logo após as explosões a produção cai 5,7 milhões de barris diários, ou seja, metade da produção saudita e 5% de toda a produção de petróleo do planeta.

Estas declarações foram dadas no sábado pela manhã, enquanto o céu em torno das refinarias – coração da economia saudita – era tomado por chamas e muita fumaça.

ATAQUE DIRETO E PRECISO

Segundo o brigadeiro iemenita, a ação demandou o envio de dezenas de drones que ultrapassaram as defesas antiaéreas montadas com mísseis Patriot norte-americanos e realizaram um ataque “direto e preciso”.

Não há nenhuma bravata nas afirmações do brigadeiro iemenita pois, além de vencerem o sistema de defesa norte-americano, os alvos das duas refinarias distam 220 km, um do outro, e 1.100 km, do Iêmen de onde foram lançados. A refinaria de Boqouaeq é uma das maiores do mundo e fica cerca de 150 km de distância da capital, Riad. A refinaria Khorais está sobre um campo com 20 bilhões de barris de reservas.

Não se sabe quanto petróleo que estava armazenado nas duas instalações foi perdido no incêndio. Sabe-se ainda que o país também cortou pela metade a sua produção de gás.

Yahia Sare’e prometeu ainda, se agressão continuar, “expandir as operações contra o regime saudita”.

Alguns moradores disseram que as explosões, cerca de 12 em Bouqaeq, foram ouvidas às 3:00 da madrugada do sábado.

A AGRESSÃO SAUDITA/NORTE-AMERICANA

A Arábia Saudita tenta derrotar o governo revolucionário que assumiu o norte do Iêmen, após a tomada da capital Sana’a, em 2014, afastando o títere dos sauditas e norte-americanos, Abdrabbuh Mansur Hadi.

Segundo dados divulgados este mês, o número de mortos, seja por bombardeio direto, seja por doenças causadas pela queda nas condições de higiene (causando um dos maiores surtos de cólera da história), chega a mais de 90 mil pessoas durante estes anos de ataques e bloqueio.

Nesta guerra, a Arábia Saudita tem sido a principal força agressora, com armas que chegam dos Estados Unidos, junto com especialistas para o treinamento em seu uso, que inclui os mais modernos dos caças norte-americanos. A Inglaterra, também vive intenso debate por conta do país ser um dos principais fornecedores de armas para a monarquia saudita.

Os combates, assim como o dano à economia iemenita, também tiveram participação no que a ONU denomina a maior crise humanitária do século XXI, deixando à beira da inanição 14 milhões do empobrecido país, de 29 milhões de habitantes.

SAUDITAS SUBESTIMARAM O IÊMEN

Falando ao programa “O Debate” no portal PressTV, logo após as explosões ocuparem os noticiários em todo o mundo, o historiador belga, Brecht Jonkers Michael, analisou que os sauditas subestimaram os iemenitas e não levaram em conta “a vontade popular desta nação” de responder ao bombardeio indiscriminado executado pela campanha da monarquia.

“Penso que um dos maiores erros que os sauditas fizeram foi o velho problema de subestimação do inimigo. Os sauditas foram – basicamente – para este conflito, há quatro ano e meio, com a mentalidade de que seus soldados estariam de volta para comemorar a passagem do ano de 2015.

“Os sauditas apenas compararam a qualidade e a quantidade de seu armamento, que é o mais caro e o tecnologicamente mais avançado no mundo árabe, com o do Iêmen – uma das nações mais pobres do mundo.

“É claro que eles não levaram em consideração coisas como a vontade popular, a tenacidade do povo iemenita e como estas pessoas, sob cerco, seriam capazes de responder a um ataque massivo desta magnitude sem absolutamente nenhuma consideração pelas vidas dos civis.

“O que aconteceu, ao invés de uma rápida rendição, é que o povo iemenita tomou em seus braços a defesa de seu país e todos se unificaram em torno do Governo de Salvação Nacional e de sua agremiação política, o Ansarullah.

Para o historiador, este, que não foi o primeiro ataque iemenita bem sucedido pois aeroportos sauditas já foram atingidos antes, “está tendo o efeito de estilhaçar a moral dos soldados sauditas”.

EUA CULPA O IRÃ PELA AÇÃO IEMENITA

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, acusou Teerã pelo que chamou de “ataque sem precedentes sobre o suprimento mundial de energia”.

“São mentiras em nível máximo”, afirmou no domingo, dia 15, o porta-voz do Ministério do Exterior, Seyyed Abbas Mousavi, acrescentando que são declarações “falsas e sem substância”.

Segundo o ministro, tais acusações são tentativas de manchar a imagem do Irã, “na busca de justificativas para futuras agressões”.

“Depois de uma política de pressão máxima sobre o Irã, agora partem para o uso do máximo de mentiras”, enfatizou.

Por sua vez, o comandante dos Corpos da Guarda Islâmica Revolucionária do Irã, brigadeiro Amir Ali Hajizadeh, alertou que Teerã está preparado para responder a qualquer ataque. “Todos devem estar cientes de que todas as bases e navios norte-americanos em um raio de 2.000 km a partir de nossas fronteiras estão ao alcance de nossos mísseis”.