Assessora de Trump para criar “fatos alternativos” deixa Casa Branca
Com a eleição presidencial de 3 de novembro batendo à porta, a assessora de Donald Trump desde o início da sua carreira – e sua conselheira -, Kellyanne Conway anunciou, neste domingo, que irá abandonar a Casa Branca.
Diretora da campanha do candidato republicano em 2016, que conduziu o magnata do setor imobiliário e celebridade de reality show à presidência, Kellyanne transformou-se nos últimos quatro anos em escudo caricatural de Trump em seus embates com a imprensa.
Responsável por ter cunhado a expressão “fatos alternativos”, expressão considerada a “despalavra do ano” de 2017 por um júri na Alemanha, o braço direito de Trump ficou conhecido por atacar os adversários com alegações que falsificavam a realidade.
Ao contrário dela, seu marido George Conway, um famoso advogado e colunista do The Washington Post, crítico veemente da política trumpista, questiona inclusive sua aptidão mental para o cargo.
“Estarei fazendo a transição da Casa Branca no final deste mês, George também está fazendo mudanças. Discordamos sobre muitas coisas, mas estamos unidos no que é mais importante: as crianças”, comunicou Kellyanne.
De acordo com a conselheira, seus quatro filhos estão começando o ano letivo via internet e, “como milhões de pais em todo o país sabem, as crianças ‘estudando em casa’ requerem um nível de atenção e vigilância um tanto quanto incomum nesses dias”. “Por enquanto, e para meus filhos amados, será menos drama e mais mamãe”, assinalou.
O anúncio de Kellyanne ocorreu um dia após sua filha de 15 anos, Claudia, escrever no Twitter que estava “devastada” pelo fato da mãe ir discursar na convenção do Partido Republicano, que ocorre até 27 de agosto. A adolescente disse que iria buscar a emancipação legal “devido aos anos de trauma e abuso infantil”.
Ao mesmo tempo, George Conway comunicou que se afastará do Projeto Lincoln, um grupo de republicanos anti-Trump que ele próprio ajudou a fundar. O advogado relatou que fará uma pausa do Twitter, onde costumava publicar mensagens de confrontação ao presidente americano. Trump por sua vez o chamava de “marido do inferno”.
Além da expressão “fatos alternativos” – pronunciada poucos dias após o republicano assumir a presidência, na tentativa de defender a desmentida alegação do governo de que a manifestação na posse de Trump era maior do que a de Obama –, Kellyanne também é lembrada por ter mencionado, em 2017, um ataque terrorista inexistente, quando citou “o massacre de Bowling Green” para defender a política anti-imigração. O suposto banho de sangue que teria havido no Kentucky, em 2011, jamais aconteceu, tendo sido inventado somente para justificar um decreto presidencial para impedir a entrada temporária nos EUA de imigrantes vindos de sete países de maioria muçulmana.
Durante o período em que esteve à frente dos confrontos com a mídia, a conselheira ficou famosa por sempre buscar uma maneira de desviar do assunto em pauta, retornar a pergunta ao repórter ou simplesmente reclamar da atuação dos meios de comunicação.
Como recordam seus críticos, “Kellyanne fez tudo isso sob um senso de moda extravagante, vestido estampado de pele de cobra num dia, vermelho brilhante no outro”.
Devido ao seu perfil, veio a ser apontada no programa de comédia Saturday Night Live como “Kellywise”, uma paródia do palhaço assassino do romance e filme de terror It – A coisa.