Integrantes do bando que matou o presidente do Haiti

Mercenários colombianos presos pelo assassinato do ex-presidente do Haiti, Jovenel Moïse, afirmaram nesta quinta-feira (15) terem sido contratados para capturá-lo e entregá-lo à agência antidrogas de Estados Unidos (DEA, por sua siglas em inglês). Nesta sexta-feira (16), polícia da Colômbia, que apoia a investigação, disse que a ordem foi dada por um ex-funcionário do Ministério da Justiça. Outros suspeitos “também tinham ligações com os Estados Unidos, incluindo trabalhar como informantes para o FBI”, disseram fontes da rede CNN.

Segundo o diretor-geral da polícia haitiana, Léon Charles, o planejamento do assassinato vinha sendo feito desde a República Dominicana. “Estavam reunidos em um hotel de Santo Domingo. Ao redor da mesa estão os autores intelectuais, um grupo de recrutamento técnico e um grupo de arrecadação de fundos”, declarou Charles, frisando que “algumas das pessoas na foto já foram detidas”. “É o caso do médico Christian Emmanuel Sanon e de James Solages. Este último coordenou com a empresa de segurança venezuelana CTU, com sede em Miami”, acrescentou.

O comando mercenário se dividiu em dois grupos, um com sete homens que tomaram de assalto a moradia onde “não se produziu a suposta prisão, mas a morte de Moise”. O resto do grupo foi deslocado para prestar apoio. Nos confrontos foram mortos três colombianos e detidos outros 18 supostamente implicados.

De acordo com o chefe da Polícia colombiana, general Jorge Vargas, a ideia inicial era “planejar a prisão do presidente e colocá-lo à disposição – e isto é o que dizem eles – da DEA”.

O chefe da Polícia haitiana explicou ainda que “algumas das pessoas na foto já foram detidas. É o caso do médico Christian Emmanuel Sanon e de James Solages. Este último coordenou com a empresa de segurança venezuelana CTU, com sede em Miami”, acrescentou. Na imagem também aparece Antonio Emmanuel Intriago Valera, responsável do CTU, assim como o chefe da empresa Worldwide Capital Lending Group, Walter Veintemilla, empresa alvo de investigação porque “teria arrecadado fundos para financiar” o assassinato.

Perguntas

Há contradição que cabe aos investigadores elucidar: por que o assassinato se houve contratação para um sequestro? E ainda, por que uma agência norte-americana – de conhecida atividade na Colômbia – tinha interesse no afastamento de Moise?

Cartão de crédito rastreado

“Havia um grupo de quatro (mercenários) que já estava no país. Os outros chegaram em 6 de junho. Passaram pela República Dominicana. Nós rastreamos o cartão de crédito que foi usado para comprar as passagens”, acrescentou Charles.

Até o momento, 21 pessoas foram detidas, incluindo 18 colombianos e 3 haitianos, dois deles também com nacionalidade americana. Três colombianos foram mortos pela polícia posteriormente.

“São ex-soldados das forças especiais da Colômbia. São especialistas, criminosos”, afirmou o chefe policial haitiano. No marco da investigação, quatro agentes de segurança de Moise foram isolados e outros 24 estão sujeitos a medidas cautelares.

Depois de três anos do país convulsionado sob o agravamento da corrupção, violações da democracia e miséria, a que se somou o zero de vacinação na pandemia, o Haiti se depara com a morte do presidente com requintes de crueldade, a dois meses das eleições presidenciais marcadas para setembro. Antes de ser fuzilado com 12 tiros em sua própria residência, Moise teve o pé e o braço quebrados e o olho vazado. Sua esposa, gravemente ferida, foi transportada de ambulância aérea para um hospital na Flórida.