Ônibus circulou por Londres com faixa "Não extraditem Assange", em Ato pela liberdade do jornalista.

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, apresentou ao Supremo Tribunal de Londres, nesta sexta-feira (1º), recurso para impedir sua extradição para os Estados Unidos, autorizada há duas semanas pelo governo do Reino Unido, informou o Wall Street Journal, citando seu advogado Gareth Peirce.

Os partidários de Assange, incluindo sua esposa Stella, se reuniram do lado de fora do Ministério do Interior para exigir sua libertação. O prazo para recorrer da decisão do tribunal inglês submisso às pressões dos EUA vencia no primeiro dia de julho.

O fundador do WikiLeaks está na prisão de segurança máxima de Belmarsh desde abril de 2019, quando os tribunais britânicos assumiram a responsabilidade sobre a possível extradição de Assange para os EUA, decisão que a ministra do Interior, Priti Patel, assinou no dia 17 de junho passado. Lá um tribunal de fancaria o aguarda para ser julgado por 18 processos movidos pelo governo de Washington sob alegação de uma conspiração para obter e publicar centenas de milhares de documentos relacionados às guerras do Afeganistão e do Iraque no site. Assange pode pegar 175 anos de cadeia.

O WikiLeaks chamou a ordem de Patel de “dia sombrio para a liberdade de imprensa” e para a democracia e disse que a ministra do Interior será lembrada para sempre como “cúmplice dos EUA” em sua agenda para tornar crime o jornalismo investigativo e na extradição de Assange “para o país que tramou assassiná-lo”.

O irmão do jornalista, Gabriel Shipton, confirmou à agência Reuters que o recurso de apelação foi apresentado pela equipe jurídica do jornalista, sem detalhar, porém, o fundamento do pedido.

“Também pedimos ao governo australiano que interceda imediatamente no caso para acabar com esse pesadelo”, disse Shipton.

O irmão e o pai de Assange se juntaram a manifestantes em um ônibus que andou pelas ruas do centro de Londres, alertando sobre as ameaças que sofre o jornalista.

Aumentando a pressão sobre os governos britânico e norte-americano, entidades defensoras da liberdade de imprensa, incluindo a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) e a PEN America, publicaram nas redes sociais um pedido de libertação de Assange.

A FIJ lançou a campanha #FreeAssangeNOW exigindo que o governo dos EUA retire todas as acusações contra ele. “Punir Assange por expor crimes de guerra é uma ameaça para todos os jornalistas ao redor do mundo”, afirmou.

Daniel Ellsberg, que divulgou os documentos do caso conhecido como Pentagon Papers, na década de 1970, em declaração compartilhada por um perfil do Twitter que apoia Assange, disse que a extradição do fundador do WikiLeaks significa que “nenhum jornalista no mundo está a salvo da prisão perpétua nos Estados Unidos.”

Julian Assange completa 51 anos no próximo domingo, dia 3 de julho, dia em que mais de 30 manifestações de apoio ao jornalista estão previstas para acontecer em diferentes cidades: Paris (França), Londres (Reino Unido), Sydney (Austrália), Toronto (Canadá), Berlim (Alemanha), Auckland (Nova Zelândia) e Milão (Itália) são algumas que farão ações no dia.