O presidente eleito da Argentina, Javier Milei | Foto: Natacha Pisarenko/AP

A recente vitória de Javier Milei, candidato da extrema-direita na eleição presidencial argentina no último domingo (19), desperta preocupações significativas sobre o futuro democrático não apenas da Argentina, mas também da região latino-americana. A nota a seguir, assinada pela Executiva Nacional e pela Secretaria de Relações Internacionais do Partido Comunista do Brasil, reflete a preocupação com os desdobramentos políticos após essa eleição e o impacto potencial sobre os princípios democráticos e sociais na América Latina.

Leia a íntegra:

A vitória do candidato da extrema-direita, Javier Milei, no segundo turno da eleição presidencial argentina do último domingo (19), representa uma ameaça importante de retrocesso democrático para o país vizinho e nossa região.

A vitória de Milei guarda semelhança com o que aconteceu no Brasil em 2018, com a eleição do ultra-direitista Bolsonaro, quando houve uma normalização, pelas elites tradicionais e seus porta-vozes nos meios hegemônicos de comunicação, dos elementos mais perigosos do discurso neofascista, como se seus programas fizessem parte “do jogo político” democrático.

Milei representa a síntese da extrema-direita que floresceu com características peculiares na América Latina: tendências autoritárias ao relativizar em seus discursos instrumentos democráticos, alinhamento com o modelo neoliberal concentrador de renda e riquezas, mentalidade neocolonial e subordinação ao imperialismo estadunidense.

A vitória de Milei representa um retrocesso civilizacional, com o desmonte de serviços públicos essenciais como saúde e educação, que significa, para além de uma ameaça concreta aos interesses dos trabalhadores e à democracia argentina, um revés para o projeto integracionista latino-americano e caribenho e a construção de um mundo de paz entre as nações.

Ao povo e às forças progressistas argentinas, de tão arraigadas tradições de rebeldia e luta, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) expressa sua calorosa solidariedade, na certeza de que, unidos, saberão enfrentar e vencer os obstáculos em defesa da democracia, da justiça social e da soberania nacional do país irmão.

Executiva Nacional do Partido Comunista do Brasil
Secretaria de Relações Internacionais do Partido Comunista do Brasil