“A partir de amanhã todos vamos trabalhar por uma nova Argentina, vamos fazer um país que todos merecemos”, afirmou Alberto Fernández ao anunciar a vitória - France 24

A derrota do presidente que se orgulha de sua amizade com Jair Bolsonaro ocorre em um momento em que aumentam os protestos nas ruas argentinas contra o desemprego, as demissões, a pobreza e a fome provocados pelo seu governo.

As PASO foram criadas pelo ex-presidente Néstor Kirchner em 2009. Nas Primárias se definem basicamente duas questões: quais partidos estão habilitados a disputar as eleições nacionais, que segundo a lei são aqueles que obtenham pelo menos 1,5 % dos votos. E também fica definida a chapa que representará a cada partido político.

“A amplitude do resultado, que não tinha sido apontado por nenhuma pesquisa, coloca o candidato presidencial da Frente de Todos como um quase seguro vencedor no primeiro turno das eleições de 27 de outubro se não acontecer alguma catástrofe”, assinalou o jornal Página 12.

O candidato Alberto Fernández, que foi chefe de Gabinete nos governos de Néstor Kirchner e de Cristina, agradeceu sua companheira de chapa, a quem destacou por sua generosidade e sua capacidade de estadista; assim como por seu compromisso com a unidade do peronismo, comportamento chave para a vitória. “A partir de amanhã todos vamos trabalhar por uma nova Argentina, vamos fazer um país que todos merecemos”, afirmou.

“Na Argentina devemos estar unidos e integrados. Não podemos viver felizes sabendo que há crianças com fome”, assinalou e se comprometeu a terminar com a pobreza recuperando as fábricas fechadas e a produção. Denunciou a situação dos aposentados sublinhando que têm direito a estar protegidos e isso é dever do Estado.

“A Argentina escutou que nos importa a educação pública e que as escolas têm que estar de pé para ensinar aos nossos filhos, que nos interessa a universidade pública e queremos continuar semeando universidades ao longo do país para que em qualquer canto da Pátria a garotada possa estudar; a mensagem que dizia que as pequenas e médias empresas que investem e criam trabalho devem ser atendidas, cuidadas e respaldadas pelo Estado, que dizia que nunca acreditamos que a melhor forma de progredir era tirar-lhe os direitos aos que trabalham”, concluiu ao agradecer aos eleitores.

Desde Santa Cruz, no sul da Argentina, onde votou, a candidata a vice Cristina Fernández de Kirchner enviou uma mensagem sobre a importância de ampliar a unidade que tinha sido conquistada e de manterem-se todos juntos, depois de 27 de outubro.

E ressaltou a responsabilidade que terão todos para afrontar as novas e complicadas situações. “Estamos absolutamente conscientes da difícil situação que está atravessando a Argentina. Longe de só ficarmos felizes pela vitória, estamos pensando na responsabilidade para enfrentar tudo isso a partir de agora”.

Quatro horas depois de serem fechadas as urnas, sem que houvesse nenhum resultado oficial, o presidente Mauricio Macri chegou à sede de sua campanha e disse: “Tivemos uma eleição ruim”. Isso quando ainda não havia os números do Centro de Cômputos.

Mas havia os do Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina, Indec, que recentemente divulgou pesquisa mostrando que no primeiro trimestre de 2019 a pobreza no país atingiu 34,1% e a indigência chegou a 7,1% da população. No primeiro trimestre do ano passado, o índice indicava 25,5% dos argentinos em situação de pobreza.

Incentivados pela crise, a participação dos eleitores superou as PASO de 2015: 75,85% dos cidadãos habilitados para votar foram às urnas para marcar um primeiro ponto no esquema eleitoral que ficará definido em outubro. Com os resultados de domingo, 11, a chance de um segundo turno parece descartada, segundo todos os observadores.

Mas a derrota à política do governo não marcou só as Primárias nacionais. Como expressou o jornal Página 12, “a surra, estendida praticamente por todo o país, também atingiu a província de Buenos Aires, onde Axel Kicillof inclusive superou por maior percentagem a governadora María Eugenia Vidal: 49,2% a 32,7%”.

A província de Buenos Aires é o distrito de maior peso eleitoral do país que concentra quase 38% dos votantes. Lá, os candidatos a governador e vice da Frente para Todos, o ex-ministro de Economia, Axel Kicillof, e Verónica Magario, prefeita da cidade de La Matanza, foram decisivos para esse resultado na eleição.

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