Members of Madres de Plaza de Mayo Linea Fundadora human rights organization march (as they do every Thursday with no interruptions since 1977) at Plaza de Mayo square during the outbreak of the new Coronavirus, COVID-19, in Buenos Aires, on March 19, 2020. (Photo by JUAN MABROMATA / AFP)

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, e a equipe de sanitaristas que assessora o governo coincidiram na necessidade de adotar controles mais estritos para a Área Metropolitana de Buenos Aires (AMBA), que concentra mais da metade dos casos de Covid-19.

Na reunião da sexta-feira (22), o presidente Fernández, o governador Kicillof e o chefe do governo portenho Horacio Rodríguez Larreta concordaram em unificar ações, principalmente nos bairros mais vulneráveis, ampliando a extensão do isolamento social por mais duas semanas.

Com 10.649 contagiados, 433 vítimas fatais, os melhores resultados entre os países latino-americanos, a Argentina foi prejudicada nos últimos dias com medidas de flexibilização do isolamento preventivo por parte de alguns prefeitos oposicionistas. As ações afetaram negativamente principalmente a capital – com suas “villas miséria”, as favelas – e o seu entorno.

Diferente da campanha oposicionista de rechaço, os infectologistas destacaram o quanto a quarentena vem sendo exitosa no país, por ter achatado a curva no combate ao coronavírus, preparando o sistema de saúde para enfrentar o pico de casos que se aproxima. Para comprovar o quanto a Argentina tem sido vitoriosa, explicaram, basta comparar com a gravidade da situação em que se veem mergulhados outros países da região, com uma estrutura social e econômica semelhante.

Ao repetir o ritual que faz a cada duas semanas quando prorroga a quarentena, o presidente se reuniu com os médicos e fez um balanço da pandemia, sublinhando que se deve evitar promover o consumo e o deslocamento de pessoas. Na oportunidade Fernández esteve acompanhado pelo chefe e a vice-chefe de Gabinete, Santiago Cafiero e Cecilia Todesca; o ministro e a vice-ministra de Saúde, Ginés González García e Carla Vizzotti; e o secretário-geral da Presidência, Julio Vitobello.

SOMANDO FORÇAS

A fim de obter resultados mais positivos, os encarregados pelo transporte dos governos federal, estadual e do município de Buenos Aires definiram um conjunto de medidas para tornar mais rígidos os controles e a restrição do deslocamento, erguendo uma verdadeira barreira sanitária. O objetivo é impedir que o alto número de contágios que tem se multiplicado pelos bairros mais pobres fique cada vez mais restrito, com a periferia recebendo todos os investimentos necessários para que os focos sejam combatidos e extintos.

“Temos que encarar o trabalho juntos, fazer uma ação emergencial nestes bairros, algo que dê confiança aos moradores, que resolva o problema. Precisamos ter uma postura firme”, destacou o presidente, reunido esta semana com lideranças de organizações populares. “Precisamos levar o que necessitem, que passem por esta situação em condições mais dignas”, acrescentou. Entre as prioridades, assinalou, está a intensificação do plano Detectar, que busca encontrar possíveis infectados para isolá-los a fim de evitar a propagação do vírus.

Conforme os sanitaristas, a ideia é passar de uma vigilância passiva para uma ativa por parte das autoridades, algo essencial para reverter o quadro, dadas as características focalizadas que adquiriram os contágios. “Devemos intervir nos bairros populares com tudo aquilo que o Estado possa colocar à disposição”, sublinharam os sanitaristas, frisando a diferença entre a evolução da Covid-19 para o continente europeu. “Lá não houve a variável da pobreza estrutural que tem a Argentina, onde temos que seguir cuidando dos locais com grandes bolsões de pobreza”, destacaram.

Por isso na hora de avaliar os avanços obtidos no enfrentamento ao coronavírus, frisaram os especialistas, é preciso tomar em conta países com uma composição econômica e social mais próxima, como o Brasil, Chile, Equador e Peru. “Preparamos o sistema sanitário, preparamos as equipes de saúde, preparamos os profissionais de outras especialidades que aprenderam a usar os respiradores, a população fez um exercício para mudar seu modo de vida em tão pouco tempo, foi um esforço fantástico”, acrescentaram.