Argentina busca autossuficiência em petróleo e gás com retomada da YPF
“Vamos entregar à Argentina o gás que os argentinos necessitam para viver e as indústrias para produzir. Vamos voltar a pôr de pé um país que tinha ficado muito machucado”, assinalou o presidente Alberto Fernández no lançamento do Plano Gás realizado desde a jazida Vaca Muerta, na província de Neuquén, na Patagônia, centro da produção de gás e petróleo no país, na quinta-feira, 15.
Destacou que o objetivo do governo é conseguir que as importações fiquem para trás “para que todos estejamos mais tranquilos e tenhamos o gás que precisamos”. Fernandez exortou a “reconstruir a YPF” para que “viva mais forte que nunca”, criticando sua situação durante o governo Macri.
“Este plano supõe que a YPF levante seu voo, permitirá fazer um investimento de 1 bilhão e 800 milhões de dólares nos próximos três anos; significa mais trabalho para garantir que a Argentina tenha o gás que necessite”, detalhou.
Equivalente à nossa Petrobrás, a YPF [Jazidas Petrolíferas Fiscais] tinha sido privatizada nos anos 90 durante o governo de Carlos Menem e entregue ao grupo espanhol Repsol. Hoje é novamente argentina, fruto de uma nacionalização realizada em 2012, durante o governo de Cristina Kirchner. Macri a deixou sem nenhum orçamento, nem capacidade de produção.
“YPF é a bandeira argentina em matéria energética e a necessitamos mais viva e forte que nunca”, insistiu o presidente durante o evento.
O objetivo do Plano é incentivar o crescimento da produção de gás nos próximos anos. Junto com o estímulo à produção, a iniciativa buscará acentuar a integração das pequenas e médias indústrias com a produção e prospecção nas reservas, incorporando mais valor agregado nacional e a criação de novos postos de trabalho.
O depósito de Vaca Muerta se estende por mais de 30.000 km2 na Patagônia, entre as províncias de Neuquén, Río Negro, La Pampa e Mendoza. Agora, indicou o presidente, chegou o momento de “começar a pôr ordem em meio à crise mundial que a pandemia de Covid-19 tem gerado”. “Por isso estamos aqui, no coração da energia do país, em Vaca Muerta, nesta província que dá à Argentina mais de 50% do gás que consome”, ressaltou.
“Temos passado quatro anos muito difíceis na Argentina, onde parece ter-se vivido a metáfora do esquecimento, onde alguns se esqueceram do povo, que teve de pagar aumentos siderais de tarifas, enquanto a produção de gás declinava”, disse o presidente ao denunciar a política energética que Macri aplicou. “Algo não anda bem, vamos corrigir as coisas e fazer de uma vez e para sempre a Argentina que merecemos”, afirmou.
Durante o ato, Fernández destacou a importância que teve o congelamento de tarifas durante a pandemia para que “os argentinos em meio a semelhante crise não tivessem que sofrer pelo risco de ficar sem gás. Isso fez com que a tarifa não aumentasse 79%, que era o que estava previsto pelas regras do governo anterior”. A medida de congelamento das contas de gás, eletricidade e água foi tomada em dezembro do ano passado e vale até 31 de outubro. Ainda não foi anunciado se será prorrogada.