Sabina Orellana é empossada por Arce como ministra das Culturas da Bolívia

O presidente da Bolívia, Luis Arce, reimplantou o Ministério das Culturas, que tinha sido extinto pelo governo de fato, chamando-o ainda da Descolonização e Despatriarcalização, e nomeou para sua direção a Sabina Orellana, uma líder camponesa de origem quéchua.

“Cumprindo nossa promessa, restauramos o Ministério das Culturas. No marco de nossa Constituição Política do Estado, que reconhece a qualidade Plurinacional da Bolívia, esta pasta ministerial deve levar a cabo políticas voltadas para o desenvolvimento cultural, econômico e social de nosso país”, afirmou o presidente.

“O ministério cumprirá uma missão estrutural, abrindo a presença e participação de uma diversidade tão rica na reconstrução da nossa dignidade e soberania”, disse Arce, após tomar juramento da nova ministra, a quarta mulher em seu gabinete de 16 membros. A posse foi animada com música e danças da extensa e diversa cultura boliviana.

Orellana, líder da Confederação de Mulheres Camponesas “Bartolina Sisa”, declarou-se orgulhosa de suas raízes quéchuas e advertiu que uma das tarefas pendentes na Bolívia é a eliminação do racismo e da discriminação. “Devemos construir uma pátria descolonizada e despatriarcal, orgulhosa de suas raízes e de seu grande patrimônio cultural”, afirmou.

Sabina fez parte da Escola Plurinacional de Gestão Pública (EGPP) e foi também Diretora da Igualdade de Oportunidades no governo de Cochabamba.

“Sou uma mulher orgulhosa de minhas raízes, e todos nós devemos nos sentir orgulhosos e orgulhosas de ter raízes indígenas”, disse Orellana, em uma cerimônia solene que aconteceu na Casa Grande del Pueblo.

“Trabalharemos desde as artes e a cultura, do oriente e ocidente, desde o campo e a cidade, trabalharemos unidos, peço que me dêem a oportunidade para trabalhar por uma gestão cultural coletiva e diversa, em benefício de nosso povo da Bolívia”, acrescentou.

“Todos os bolivianos devemos nos sentir orgulhosos de ser e usar nossas saias, nossas sandálias, nossos chapéus”, além de falar nas línguas das 36 nacionalidades que compõem o Estado Plurinacional, pois estas “são nossas raízes”, sublinhou.

O Ministério das Culturas foi fechado no mês de junho passado pela presidente de fato, Jeanine Áñez, argumentando dificuldades econômicas, embora grupos de artistas, escritores e personalidades da cultura tenham denunciado a medida como um atentado político aos programas de integração e inclusão social.

“A cultura nunca será um gasto absurdo”, declarou o presidente Arce no ato de posse de Orellana, referindo-se ao qualificativo de “absurdo” que Jeanine Añez deu a vários programas do passado governo do Movimento ao Socialismo (MAS), incluindo Culturas.