Arce prioriza elevação da demanda interna para retomada da economia

“Promulgamos as leis que financiarão o Bônus Contra a Fome de 1.000 bolivianos [moeda local equivalente a 800 reais]. Esta medida beneficiará as bolivianas e bolivianos que não têm renda fixa. Apoiar os setores mais vulneráveis e reativar a demanda interna são prioridades do Governo Nacional, afirmou o presidente Luis Arce, na quinta-feira (12).

“Esta é nossa primeira medida para a reconstrução e reativação da economia boliviana”, disse.

O benefício chegará a mais de 4 milhões de bolivianos, entre os quais estão as mulheres que recebiam o bônus Juana Azurduy que atende a mães de crianças menores de dois anos, a Renda Dignidade que se destina aos idosos que não possuem outra fonte de renda e as pessoas com deficiência, além daqueles que receberam o Bônus Universal que o governo transitório à contra-gosto pagou para paliar as necessidades que se agravaram com a pandemia do coronavírus.

“Temos que começar, como dissemos na campanha, com a reconstrução da demanda interna, o Bônus Contra a Fome é o primeiro elemento que vai gerar esse crescimento econômico que os bolivianos estamos esperando. Se não se reativa a demanda interna é muito difícil reativar o aparato produtivo”, assinalou o chefe de Estado no ato de promulgação, na Casa Grande del Pueblo.

“Esperamos que isto também sirva para poder paliar os efeitos negativos da pandemia e a má administração do governo de fato de Jeanine Añez nas famílias, especialmente nas mais humildes, os que não vão ter seu décimo terceiro, bônus de fim de ano. Este instrumento que estamos incorporando na política econômica do país pode ser muito importante para aliviar a dor nas finanças de nossas famílias”, explicou.

Está previsto que esses recursos provenham em parte de uma suspensão de pagamentos da dívida externa, que dará uma poupança anual de mais de 1 bilhão de dólares, e de um novo imposto às grandes fortunas, que aliviaria as contas do Estado, mas afetaria uma parcela mínima da população.

“Vamos pagar o bônus no mês de dezembro, temos os recursos. Estamos desenhando os últimos detalhes”, disse o novo ministro de Economia, Marcelo Montenegro.

“Houve um descalabro” da economia no governo da ex-presidenta Jeanine Áñez porque “não dá para compreender como pode ter baixado o crescimento de 0,56% no primeiro trimestre do ano para -11,11% três meses depois”, ressaltou o ministro.

Luis Arce entregou simbolicamente as leis promulgadas ao secretário executivo da Central Obreira Boliviana (COB), Juan Carlos Huarachi, que agradeceu o presidente por cumprir com o compromisso realizado na campanha eleitoral.

RETORNO DE EVO

O ex-presidente Evo Morales regressou na segunda-feira (9) à Bolívia de onde partiu para se refugiar na Argentina, um ano antes, quando Jeanine Áñez se autoproclamou presidente.

A volta de Evo aconteceu um dia após a posse de Arce, que é o novo presidente após vencer com ampla margem as eleições presidenciais bolivianas de 18 de outubro, eleito pelo partido MAS – Movimento ao Socialismo.

Evo chegou à fronteira da Argentina, na localidade de La Quiaca, acompanhado pelo presidente argentino, Alberto Fernández, que dele se despediu desejando feliz retorno. Dali, Evo prosseguiu até a cidade boliviana mais próxima, Villazón.

“Eu nunca duvidei de que voltaria, mas não estava seguro de que seria tão rapidamente. Graças ao povo, estamos retornando para recuperar a democracia”, declarou o ex-presidente.

No dia 11, foi recebido por uma multidão na cidade de Chimoré, de onde partiu para a primeira fase de exílio no México. Os bolivianos festejaram sua volta à nação andina. Evo saudou o novo presidente Luis Arce e sua vitória eleitoral.

“Temos que cuidar e acompanhar o irmão Lucho”, declarou Evo ao se referir ao apoio ao árduo trabalho que Arce tem pela frente.