Pardidários de Zuma promovem caos nas ruas da cidade de Durban

Atolado em corrupção durante os nove anos (2009-2018) do seu governo na África do Sul, o ex-presidente Jacob Zuma – condenado a 15 meses de prisão no dia 29 de junho – finalmente se entregou à Polícia na última sexta-feira (10). Ele vinha se negando a declarar sobre atos de corrupção na investigação dirigida pelo vice-presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Raymond Zondo, no que foi denunciado por desacato ao Tribunal.

Entre outros crimes, Zuma é acusado de ter se beneficiado de uma reforma residencial de 23 milhões de dólares, custeados pelo Estado, que incluiu um curral e um anfiteatro. Denunciado por dezenas de outros crimes de extorsão, lavagem de dinheiro e suborno, o desacato do ex-mandatário estimulou uma onda de saques massivos e vandalismo entre seus partidários. A radicalização da situação obrigou a que o Exército enviasse 2.500 soldados nos últimos dias, principalmente para a área oriental da província de KwaZulu-Natal (de onde é originário e seu maior bastão político) e na populosa Gauteng (região em que se encontram Pretória e Johannesburgo).

“Nenhum descontentamento ou circunstâncias pessoais de nosso povo dão o direito a ninguém a saquear, vandalizar e fazer o que se queira e descumprir a lei”, afirmou nesta terça-feira (13) o ministro de Segurança sul-africano Bheki Cele, numa coletiva de imprensa em que foi confirmada a prisão de 757 pessoas em todo o país. Da mesma forma, Cele advertiu que todos os que foram prejudicados pelos incidentes, seja em nível pessoal como material, não devem fazer a justiça por suas próprias mãos.

Ainda que o próprio criminoso tenha acabado por se entregar, de forma pacífica, os primeiros protestos ocorreram inicialmente como mostra de apoio a ele, na forma de paralisação de rodovias. Nos dias posteriores, os atos degeneraram numa onda de criminalidade generalizada.

De acordo com as autoridades, os distúrbios se agravam pelo fato de estar ocorrendo em meio a uma agressiva “terceira onda” de casos de Covid-19 no país, o mais golpeado pela pandemia de toda a África (com cerca de 2,2 milhões de contágios e 64 mil mortes).

Na avaliação do presidente Cyril Ramaphosa, o agravamento da caótica situação não só irá impactar a segurança alimentar e sanitária da África do Sul, como provocará um revés na sua já precária recuperação econômica. Por isso, o presidente qualificou os atos como de “criminalidade oportunista”, já que o país tem uma das mais altas taxas de desemprego do mundo: 32%, agravando ainda mais a situação.

As autoridades relataram que poucos mercados conseguiram abrir as portas nesta quarta-feira na cidade de Durban, faltam produtos, funcionários e há longas filas nas portas. Parcela da população não consegue sequer comprar comida, depois que o comércio foi saqueado em várias cidades e caminhões foram incendiados em estradas. Para complicar a situação, muitos desses veículos carregavam mercadorias para abastecer supermercados e feiras.

A informação é de que 72 pessoas morreram durante os tumultos, sendo parte pela repressão e outros nos saques principalmente a supermercados. Houve incêndios e outras partes destruídas pelo vandalismo.