Vídeos de moradores mostram espancamento realizado por PMs;

Uma ação da Polícia Militar em um baile funk realizado na favela do Paraisópolis, na zona sul da capital paulista, terminou com nove pessoas mortas na madrugada deste domingo (1).
De acordo com a PM, policiais da Rocam entraram na comunidade durante uma perseguição a homens armados fugindo com motocicletas. A versão oficial também diz que os suspeitos atiraram contra a polícia e entraram no baile para se esconder.
Os policiais dispararam bombas de efeito moral, motivando correria entre os presentes. Dez pessoas foram pisoteadas e levadas em estado grave ao Pronto Socorro do Campo Limpo. Outras sete ficaram feridas.
A versão dos moradores da comunidade contesta a da Polícia. Um jovem morador, que estava no baile funk disse que “essa foi uma das piores” ações da PM na favela. Segundo ele, “a 17 – rua onde acontece o baile funk – é bem concentrada em uma rua encruzilhada, e eles (PMs) chegaram pelas quatro ruas, por isso não tinha para onde correr”.
O morador contou que tinha “viatura para todo canto”. Em outros bailes, a única opção usada pelos frequentadores de escapar das ações truculentas da PM, segundo o morador, “sempre foram as vielas, mas, desta vez os policiais desceram e foram atrás”.
A mãe de uma adolescente de 17 anos que estava no local e que foi agredida com uma garrafa disse que os policiais fizeram uma emboscada para as pessoas que estavam no baile.
A jovem ferida durante a confusão descreveu o momento em que foi atingida. “Eu não sei o que aconteceu, só vi correria, e várias viaturas fecharam a gente. Minha amiga caiu, e eu abaixei pra ajudá-la”, afirmou.
“Quando me levantei, um policial me deu uma garrafada na cabeça. Os policiais falaram que era para colocar a mão na cabeça.”
Em vídeos circulando nas redes sociais, sugerem a violência gerada pela Polícia Militar durante a operação.
O Corpo de Bombeiros apresentou a lista dos mortos:
• Marcos Paulo Oliveira dos Santos, de 16 anos
• Dennys Guilherme dos Santos Franca, de 16 anos
• Denys Henrique Quirino da Silva, de 16 anos
• Gustavo Cruz Xavier, de 14 anos
• Gabriel Rogério de Moraes, de 20 anos
• Mateus dos Santos Costa, de 23 anos
• Bruno Gabriel dos Santos, de 22 anos
• Eduardo Silva, de 21 anos
• Luara Victoria de Oliveira, de 18 anos
NÃO FOI ACIDENTE
Em nota, a União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis disse que o Baile da Dz7 sofre ações policiais com frequência, “mas nesta madrugada, jovens foram encurralados em becos e vielas e foram levados a caminho da morte, e quem deveria proteger está gerando mais violência”.
“Exigimos justiça com a punição dos culpados. Paraisópolis e as comunidades precisam de ações sociais para enfrentar suas dificuldades. Mais do que remediar, precisamos prevenir. Chega de violência, queremos paz”, diz a nota.
ABUSO POLICIAL
O porta-voz da Polícia Militar, tenente-coronel Emerson Massera, disse que diversos vídeos estão sendo acrescentados no inquérito policial militar instaurado para apurar a ocorrência e as imagens apontam abusos de policiais militares.
Masseira reconheceu que as imagens sugerem excessos dos agentes e que, se provado algum abuso ou excesso na ação, haverá punição ao responsável.
“Nós recebemos as imagens, todas as imagens estão incluídas no inquérito policial militar para ser analisadas. Não temos certeza que tudo tenha acontecido nesta madrugada. Algumas imagens nos sugerem abuso, ação desproporcional. Evidentemente, o rigor vai responsabilizar quem cometeu algum excesso, algum abuso”, disse.