Um estudo divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), nesta quarta-feira (22), aponta que apenas 16% das cidades brasileiras têm 80% da população com o esquema vacinal completo contra a Covid-19. Um dos fatores levantados pelo estudo diz respeito às desigualdades regionais que faz com que a aplicação da 2ª dose tenha tido maiores dificuldades nas cidades mais pobres do país.

“Foi observado que há uma queda de quase 20% na cobertura da primeira dose, de acordo com o nível de desenvolvimento dos municípios”, diz a pesquisa.

“Áreas com menores valores de IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] no Brasil também apresentam menores taxas de cobertura vacinal e piores estruturas para atendimentos, sobretudo de casos mais graves de Covid-19”.

A região Sul é a que possui o maior percentual de municípios com 80% da população com o esquema vacinal completo, 30% dos municípios. Em seguida aparece a região Sudeste, com 27,2% dos municípios; Centro-Oeste, com 11,8%; Nordeste, com 2,7% e a região Norte do país com apenas 1,1%.

Até o dia 8 de dezembro, 74,95% da população brasileira havia recebido a primeira dose dos imunizantes contra a Covid-19, 64,78% estava com esquema vacinal completo e 9,04% havia recebido a terceira dose do imunizante. Ao mesmo tempo, os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Roraima e Sergipe não apresentaram municípios com mais de 80% da população totalmente imunizada.

O grupo de municípios com IDH muito alto apresenta cerca de 70% da população com esquema vacinal completo. Nos de IDH baixo, é de cerca de 50%. “Ao longo do processo de vacinação esse comportamento foi constante, com maior velocidade de vacinação em municípios com IDH mais elevado em todas as categorias de análise”, afirma a pesquisa.

O estudo destaca, ainda, que o governo federal “em meio ao processo epidêmico, não disponibiliza dados sobre Covid-19 desde o dia 09/12/2021, o que compromete todas as análises e a criação de subsídios para a tomada de decisão dos gestores. Devido a velocidade de propagação da doença torna-se imprescindível a disponibilização de dados atualizados para direcionar intervenções oportunas”.

A Fiocruz afirma também que chegada da Covid-19 fez emergir a importância do Programa Nacional de Imunização (PNI), “que infelizmente enfrenta um cenário no qual se disseminam desinformações sobre a importância e eficácia de vacinas, apesar de inúmeros estudos que atestam os benefícios do imunizante”.

“O funcionamento do PNI é baseado nas estruturas de atendimento do SUS que nos anos mais recentes têm apresentado déficits estruturais e descontinuidades de programas essenciais nas equipes de saúde básica, e sobretudo em locais mais carentes. As consequências dessa situação se destacam nesse momento em que se busca mais celeridade no processo de vacinação”, denuncia a FioCruz.