Bolsonaro, observado por Mandetta, se enrola para vestir máscara cirúrgica durante coletiva de imprensa

Desde que a pandemia do novo coronavírus chegou ao Brasil, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tem ganhado protagonismo por sua atuação prudente. Embora ele seja um político – com dois mandatos de deputado federal por Mato Grosso do Sul –, suas diretrizes na crise seguem rigorosamente as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde).

Por Antonio Pedro (Tonhão)*

Com isso, apesar da irresponsabilidade do presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento à Covid-19, Mandetta sobressai, principalmente no que diz respeito à paralisação das atividades públicas e privadas não essenciais e ao isolamento social. Países que não tomaram a tempo medidas restritivas como estas estão, agora, pagando um alto preço com a perda de milhares de vidas – vide o exemplo de Itália, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos.

Tal destaque – pela posição que ocupa, pelo momento que o País passa e pelo que tem defendido – pôs o ministro na alça de mira do bolsonarismo. O primeiro motivo se deve ao egocentrismo imperial do presidente, que não admite ninguém a lhe fazer sombra. É algo que Sérgio Moro experimentou ao ficar “popular” demais, a ponto de Bolsonaro ter ameaçado dividir em dois o “superministério” da Justiça e da Segurança Pública. Moro se recolheu, e o superministério não foi desmembrado.

O segundo motivo seria uma patologia, da qual o presidente sofre muito, que é a síndrome da eleição antecipada. Bolsonaro não suporta ver sua reeleição para 2022 ameaçada. Por isso, quando Moro apareceu à sua frente nas pesquisas, logo tomou um “chega pra lá”. Mandetta é a vítima da vez. Por seu trabalho baseado na ciência médica – algo abominável pelo bolsonarismo –, ganhou credibilidade em todos os setores da sociedade: imprensa, meios acadêmicos vinculados a saúde, judiciário, economistas, Congresso e mesmo entre ministros, deixando Bolsonaro isolado dentro do próprio governo.

Mas o pior fantasma do presidente foi a pesquisa do Datafolha (3) que registrou 82% de aprovação popular ao desempenho de Mandetta na condução do combate à Covid-19. Rapidamente, a luz vermelha acendeu e Bolsonaro começou a fazer uma séria de ataques ao ministro no último fim de semana, usando a única arma que ele pode portar no momento contra Mandetta – a caneta que poderia abatê-lo e tirá-lo de cena.

Se o ministro recuar apenas para atender aos desejos eleitorais do presidente – ou mesmo se for substituído por um nome mais alinhado ao bolsonarismo –, as consequências para o povo brasileiro seriam as piores possíveis. Trocar alguém que está coordenando com autoridade todo o sistema de saúde durante a maior pandemia que a humanidade já passou deixaria o Brasil tão vulnerável quanto os países que ousaram brincar com a doença.

Demitindo ou mantendo o ministro da Saúde, Bolsonaro já disse que, em nome da reativação da economia, pensa em afrouxar a regras do tão necessário isolamento. Tudo para tirar proveito político, ainda que à custa da vida de milhares de brasileiros e brasileiras.

É uma luta da qual não podemos nos omitir. Entre a economia e a vida, a vida vem em primeiro lugar! É o que temos de gritar neste 7 de abril, Dia Mundial da Saúde.

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