Ana Prestes comenta pandemia no mundo: “choca falta de solidariedade”
A cientista política e membro da Comissão de Relações Internacionais do PCdoB, Ana Prestes, conversou na tarde desta sexta-feira (10) com o editor do Portal Vermelho, Inácio Carvalho, e destacou os principais acontecimentos do mundo, com ênfase nas ações governamentais e impactos da pandemia do coronavírus na vida das pessoas ao redor do globo.
“O que mais me choca com relação ao Brasil, em âmbito internacional, é a falta de solidariedade. Era para estar liderando o processo, como maior país da América do Sul. Vemos que além de não se importar com a vida dos brasileiros, o governo do Brasil não está se importando com a vida de ninguém”, destacou, opinando que o correto seria agir com maior integração e solidariedade com as demais nações, apesar das diferenças políticas entre governantes.
A cientista política ponderou, também, que Grupo de Lima e a Organização dos Estados Americanos (OEA) seguem falam em invadir a Venezuela e condenaram Rafael Correa, do Equador. Não se vê expressão e ação solidária. E fazem falta outras instâncias multilaterais destruídas nos últimos anos, com o vim do ciclo de governos progressistas na região.
Ana Prestes registrou, como contraponto, o comportamento da China, primeiro país a sofrer com a doença.
“A China está nos ensinando, agora, sobre como sair da quarentena. E quem pensa que Wuhan saiu facilmente da quarentena, pois, doce ilusão. As coisas não estão como foram antes. E as coisas não vão ser como antes até que se tenha uma vacina, dizem as autoridades”, afirmou. E opinou que o Brasil deveria estar aprendendo com a experiência do gigante asiático ao invés de acirrar brigas e disputadas.
Ela destacou ainda a Europa “em pé de guerra”, situação que mostra como a falta de solidariedade não está restrita aos latinoamericanos. Ela explicou que países com legado de desemprego e crise desde 2008, como Itália, Espanha e Portugal, questionam a falta de solidariedade por parte da União Europeia, que não aceitou relaxar, por exemplo, pagamento de dívidas e abrir créditos. E nações mais ricas como Alemanha e Holanda evitam novos endividamentos. “Usam, inclusive, termos como ‘não vamos nos endividar por vocês que não tem responsabilidade fiscal’. A crise coloca o capitalismo como rei nu no meio da sala. Mostra o caráter dos governantes”, pontuou, ilustrando como a pandemia revela a vileza de autoridades que pouco se importam com a vida humana.
Outro tema em destaque foi o debate sobre o lugar do Estado na defesa da economia, da sociedade e da saúde. “Depois que ultrapassarmos esse túnel (da pandemia), não vamos sair iguais do outro lado”, acredita a cientista política.
Ana Prestes lembrou também dos áudios vazados que davam conta dos planos de testagem de medicamentos por médicos europeus na África e a quantidade desproporcional de pessoas negras morrendo nos Estados Unidos, informações que revelam o aspecto racista da crise do novo coronavírus.
Confira o debate completo no vídeo a seguir:
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