O estado do Amapá investiga três registros de crianças mortas para identificar se a causa é o sarampo. As vítimas são uma bebê de 7 meses, em Macapá, na capital, e duas gêmeas indígenas de 4 meses, em Pedra Branca do Amapari, no interior.

Os dados divulgados nesta semana apontaram que, neste ano, o estado vive um surto da doença ao superar, em quatro meses e meio, todos os casos de sarampo registrados ao longo de 2020.

Os casos estão em investigação pela Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS), com amostras enviadas para exame no laboratório da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Sobre o caso das vítimas indígenas, a SVS reforçou que a apuração ainda é epidemiológica e laboratorial, reforçando que elas não estavam na idade para tomar a vacina, recomendada a partir dos 6 meses de vida. O caso também é acompanhado pelo Distrito Sanitário Indígena (DSEI).

A morte ocorrida em Macapá no dia 28 de março aguarda por resultado de exame laboratorial, porém foi diagnosticada pela prefeitura da capital através de investigação epidemiológica.

A bebê de 7 meses morava com a família no bairro Marabaixo 4, na Zona Oeste. A informação foi confirmada pela prefeitura de Macapá.

“A mesma não tomou a dose zero porque durante a varredura vacinal que ocorreu no bairro onde ela morava a mesma ainda não tinha os seis meses completos, que é um pré-requisito para iniciar o seu esquema vacinal”, justificou o município em nota na quinta-feira (13).

O sarampo tinha sido eliminado do Brasil em 2016. O vírus da doença foi reintroduzido em 2018 a partir da Venezuela e encontrou uma grande parcela da população desprotegida, não vacinada contra a doença.

Depois de 22 anos, o Amapá registrou os primeiros casos em outubro de 2019 e, desde então, enfrenta um surto da doença. As mortes das 3 meninas são as primeiras investigadas no estado.

Surto

De acordo com dados da SVS, apenas nos 5 primeiros meses de 2021 o Amapá já superou o número de casos da doença registrados durante todo o ano de 2020.

Até 11 de maio, foram 320 pessoas confirmadas com sarampo, diante de 297 entre janeiro e dezembro do ano passado. Outras 18 notificações estão sob investigação epidemiológica.

O boletim da SVS do Ministério da Saúde evidenciam ainda mais a crise da doença no estado. Com dados até 16 de abril, o Amapá, com 260 confirmações, é responsável por 80,6% de todos os novos casos de sarampo de todo o país.

Ainda, para a SVS, do governo estadual, o surgimento de um novo surto da doença está associado à baixa imunização, mesmo com a campanha realizada ao longo de 2020 que, inclusive, realizou a vacinação de casa em casa buscando elevar a imunidade da população.

O sarampo é altamente contagioso e é provocado através da transmissão viral, que ocorre da mesma forma que a gripe e a Covid-19: de pessoa para pessoa, através da tosse e secreções.

Entre os motivos que levaram à baixa procura pela vacina, segundo a SVS, estão o medo da pandemia, a insuficiência de equipes do Programa Saúde da Família e falta de alimentação no sistema do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI).

“Também por um lado, o isolamento social que deixou as famílias dentro de casa, por outro lado também a pouca entrada das equipes do Saúde da Família até pela própria condição. Isso provavelmente estimulou essa situação que nós vivemos hoje”, pontuou Dorinaldo Malafaia, chefe da Vigilância em Saúde do Amapá.