Não é só o ex-juizeco Sergio Moro que empacou nas pesquisas e sofre boicote até em seu próprio partido – o Podemos. A Folha de S.Paulo noticiou recentemente que o governador paulista João Doria está sendo fritado no PSDB. Há várias ações em curso para sabotar sua candidatura presidencial e, de quebra, derrotar seu serviçal na disputa pelo governo estadual.

Por Altamiro Borges*

Segundo a reportagem, assinada por Carolina Linhares, a campanha do ricaço ambicioso, que venceu as prévias da sigla em novembro do ano passado, enfrenta “uma série de dificuldades, como a divisão no partido, alta taxa de rejeição, falta de alianças e até uma dissidência tucana a favor da candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS)”.

O governador gaúcho Eduardo Leite, derrotado na rinha interna, tem sugerido em entrevistas que o rival paulista desista da sua postulação para favorecer a tal “terceira via”. Já em todas as pesquisas, João Doria aparece em quinto lugar, com 2% das intenções de voto, e é um dos mais rejeitados pelo eleitorado. Nesse quadro, o clima no ninho é de bicadas ensanguentadas.

Divisão e brigas no PSDB

“O que apontam tucanos ligados a Eduardo Leite é que Doria não demonstrou crescimento nas pesquisas nos últimos meses, mesmo assumindo suas pretensões eleitorais e adotando uma espécie de campanha permanente no Governo de São Paulo. E, sobretudo, apesar de ser o responsável pelo início da vacinação no país”, descreve a Folha, que prossegue:

“Embora durante as prévias Doria e Leite tenham se comprometido a trabalhar pela união do partido, e líderes tucanos tenham minimizado a disputa fratricida, na prática, a sigla segue dividida entre quem apoia o paulista e quem se recusa a embarcar em sua campanha. A vitória nas prévias foi apertada – 54% a 45%. Aliados de Leite dizem ser difícil se aliar a Doria, lembrando as acusações de pressões e fraude de filiações para vencer as prévias”.

“Nesse cenário, os tucanos da ala histórica que fizeram campanha para Eduardo Leite sugerem que a melhor alternativa na chamada terceira via é Simone Tebet, que tem 1% no Datafolha, mas, para eles, é a candidatura com mais chances de vingar. Os senadores do PSDB José Aníbal (SP) e Tasso Jereissati (CE), por exemplo, que apoiaram Leite, veem qualidades na colega senadora”.

Disputa para o governo de São Paulo

Notinha postada no site Metrópoles neste domingo (30) confirma as bicadas no ninho – que podem repercutir inclusive na disputa para o governo paulista. Ela informa que “os tucanos que fazem oposição a João Doria em São Paulo planejam um novo encontro na primeira quinzena de fevereiro para discutir a viabilidade de uma candidatura ao governo do estado pelo PSD”.

“Um candidato do PSD rivalizaria com o vice-governador Rodrigo Garcia para ir ao segundo turno contra um nome da esquerda. Garcia se filiou ao PSDB no ano passado para disputar a sucessão de Doria. A ala de tucanos que antagonizará com Garcia é composta pelo senador licenciado Tasso Jereissati, pelo senador José Aníbal, pelo deputado federal Eduardo Cury, pelo vereador Xexéu Tripoli e pelo ex-prefeito de São José dos Campos Emanuel Fernandes”.

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*Jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro do Comitê Central do PCdoB.

 

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