Imagem: Bruno Aziz, 2020

Com a redução pela metade do auxílio-emergencial (de R$ 600 para R$ 300) e a diminuição do isolamento social, a taxa de desemprego deve crescer nos próximos meses. Segundo o IBGE, 10,4 milhões de pessoas foram demitidas durante a pandemia, mas a maior parte não buscou emprego. Isto deve mudar agora!

Por Altamiro Borges*

De fevereiro a junho, a taxa oficial de desemprego subiu de 11,4% para 13,2%, segundo os dados oficiais. O índice não captou os milhões de demitidos. De acordo com o próprio IBGE, 9,9 milhões de pessoas (9,3% da população ativa) deixaram de procurar vagas em função do auxílio e da quarentena. Agora, o quadro muda!

Não é só arroz que virou produto de luxo

Além do aumento da taxa real de desemprego, a inflação também será indigesta para Bolsonaro. Não é só o arroz que virou produto de luxo. Os preços de outros produtos da cesta básica e de outros setores também disparam. Como registra a Folha, “a indústria da construção alerta governo sobre preocupação inflacionária”.

Segundo levantamento feito pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), a alta dos custos das matérias-primas para o setor nos últimos dias tem sido persistente e intenso. “Aço, cimento e PVC são os principais focos de preocupação”, descreve uma notinha sem muito alarde do jornal.

Também sem maior destaque, a Folha ironiza já no título: “Roupa é o novo arroz, dizem vendedores de shopping”. Segundo a matéria, “o consumidor que voltou ao shopping depois da quarentena esperando liquidações ouviu de vendedores que a roupa é o novo arroz”.

Com a taxa de desemprego mais sintonizada com a realidade e o risco do repique inflacionário, a popularidade do “capetão” Bolsonaro pode derreter rapidamente. Já há quem especule sobre o perigo de saques e revoltas contra a fome em centros urbanos. A conferir!

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*Altamiro Borges é jornalista, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro do Comitê Central do PCdoB.

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