Altamiro Borges: PGE pede quebra de sigilo do “véio da Havan”
Em matéria publicada nesta quarta-feira (2), o jornal O Globo revela que a Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE) pediu “a quebra de sigilo de Luciano Hang e quatro empresas em ação sobre irregularidades na campanha de Bolsonaro em 2018”. Será que agora o “véio da Havan” vai ser finalmente investigado?
Por Altamiro Borges*
Segundo o jornal, a PGE enviou a solicitação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No pedido formal, o órgão “apontou a existência de novos indícios de disparo em massa de mensagens no WhatsApp para favorecer a campanha do então candidato Jair Bolsonaro”. Milhões foram despejados para espalhar fake news!
O “comportamento anormal” nas eleições
O documento defende a quebra do sigilo bancário e fiscal do patético ricaço bolsonarista e de quatro firmas no período de 1º de julho a 30 de novembro de 2018. Além do dono da Havan, deverão ser investigadas as empresas Quick Mobile, Yacows, Croc Services e SMS Market, suspeitas de financiarem os disparos ilegais.
O vice-procurador-geral eleitoral, Renato Brill de Góes, pediu ainda ao TSE que “reabra a instrução e julgue em conjunto as quatro ações de investigação judicial eleitoral (Aije) que pedem a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão por abuso de poder econômico e uso indevido de meios de comunicação social”.
O novo pedido da PGE volta a agitar o caso, que estranhamente se encaminhava para o arquivamento sob a desculpa da ausência de provas. Um ofício enviado pelo WhatsApp já havia detectado o “comportamento anormal, indicativo do envio automatizado de mensagens em massa” bancado pelos empresários citados.
Modus operandi no WhatsApp e no Facebook
“Como o documento do WhatsApp só chegou após o encerramento da fase de instrução, a PGE se manifestou pela reabertura do caso em duas ações que já estavam prestes a serem finalizadas. Com isso, o vice da PGE adotou novo entendimento e recomendou as quebras ao TSE”, explica O Globo.
“É incontroverso que o surgimento dessa relevante informação – que converge harmonicamente com os fatos narrados na representação inaugural – consiste em indícios suficientes para a revisitação da decisão de indeferimento das medidas cautelares”, justificou Renato Brill de Góes.
“Para além desses fatos, deve-se agregar que o modus operandi (contratação de empresas para disparo em massa com o objetivo de divulgação do conteúdo eleitoral) guarda notória semelhança com o adotado por Luciano Hang em relação ao Facebook para o impulsionamento de conteúdo”, enfatizou o procurador.
Diante desse aperto do cerco, a defesa do dono da Havan divulgou nota em que afirma que o ricaço “jamais financiou disparo ou impulsionou mensagens pelo WhatsApp durante a campanha eleitoral de 2018”. Ela diz ainda que o bravateiro “nada tem a esconder” em seu sigilo bancário. Será? A conferir!
Os novos bonecos de Luciano Hang
Em tempo: Em meados de outubro passado, a Folha informou que “o empresário Luciano Hang, das Lojas Havan, ganhou um boneco para chamar de seu: o Capitão Brasil. O brinquedo começou a ser vendido na última semana, nas vésperas do Dia da Criança, nas lojas da rede por R$ 14,99”.
Na ocasião, o oportunista Kiko Smitas, presidente da Sulamericana, empresa de fantasias e brinquedos que fabrica a miniatura, explicou o motivo da babação. “Por conta da visibilidade que o Luciano estava tendo como patriota, levantando a bandeira do Brasil, a Sulamericana decidiu homenageá-lo e criar um boneco”.
Segundo a matéria, a empresa “também comercializa a fantasia do Capitão Patriota, inspirada em Hang, e tem a expectativa de lançar uma linha dos bonecos com vários figurinos diferentes, como o terno verde e amarelo e as camisetas com mensagens políticas pelos quais o empresário é conhecido nas redes sociais”.
Dependendo da nova linha de investigação sugerida pela Procuradoria-Geral Eleitoral, a Sulamericana poderá fabricar um boneco com o empresário bolsonarista vestindo a camisa de presidiário. Vai ser o maior sucesso!
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Altamiro Borges* é jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro do Comitê Central do PCdoB.
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