O general Eduardo Pazuello, o ex-chanceler “Beato” Ernesto Araújo e a “capitã Cloroquina” Mayra Pinheiro terão seus sigilos telefônico e telemático quebrados nos próximos dias. A decisão pode ajudar a esclarecer quem ganhou grana com o “tratamento precoce” e a venda do Kit-Covid e quantas mortes estas maluquices causaram no Brasil, principalmente com o atraso na compra de vacinas.

Por Altamiro Borges*

A decisão foi tomada no sábado (12) pelos ministros Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Eles negaram os pedidos do ex-ministro da Saúde, do ex-ministro das Relações Exteriores e da secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde para suspender determinação da CPI do Genocídio de quebrar seus sigilos.

Ricardo Lewandowski foi relator das ações impetradas por Eduardo Pazuello e Mayra Pinheiro. Ao rejeitá-las, ele alegou que as medidas aprovadas pela CPI no Senado são pertinentes com as investigações e não se mostram, “a princípio, abusivas ou ilegais”. Já o ministro Alexandre de Moraes relatou o caso do ex-chanceler.

Ao indeferir o pedido do olavete Ernesto Araújo, o ministro argumentou que as CPIs têm, em regra, os mesmos poderes instrutórios que a Justiça e que o pedido de quebra de sigilos do ex-chanceler foi exposto de “maneira fundamentada”. O medo dos três serviçais de Jair Bolsonaro sinaliza que muito podre pode vir à tona nas próximas semanas.

“CPI está no caminho certo”

A derrota bolsonarista no STF foi festejada pelos integrantes da CPI do Genocídio. Nas rede sociais, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) destacou: “A decisão sobre a suspensão de quebras de sigilos telefônicos e telemáticos de investigados na Comissão Parlamentar de Inquérito indica que a CPI está no caminho certo. Nós iremos buscar a todo custo quem são os responsáveis por termos no Brasil mais de 480 mil famílias despedaçadas”.

“Na avaliação de senadores que integram a CPI da Covid, as quebras de sigilos são importantes para a investigação da existência de um ‘gabinete paralelo’ que aconselhava o presidente Jair Bolsonaro nas interferências no Ministério da Saúde. De acordo com os parlamentares, esse aconselhamento pode ter ajudado o presidente a recusar a compra de doses de vacinas contra a Covid-19 com antecedência e a recomendação de usos de remédio sem eficácia comprovada como a cloroquina e a ivermectina”, destaca o site Congresso em Foco.

Além do general Pazuello, do Beato Araújo e da “capitã Cloroquina”, outros 20 nomes tiveram autorizadas as quebras de sigilos, incluindo integrantes do “gabinete paralelo” e empresas de publicidade que prestaram serviço ao governo federal. É inevitável que haverá vazamentos das conversas telefônicas e nas redes sociais, ligando o ventilador no esgoto. A conferir!

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*Jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro do Comitê Central do PCdoB.

 

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