Além das milhares de mortes, a Covid-19 gera milhões de famintos, desempregados e desesperados. Mas no mundo do capital, a desgraça tem classe. O jornal Valor publicou nesta terça-feira (28) uma matéria revoltante comprovando que o “patrimônio de bilionários brasileiros cresce US$ 34 bilhões” em plena pandemia.

Por Altamiro Borges*

A matéria baseia-se em uma pesquisa da ONG Oxfam. Ela mostra que a fortuna de 73 bilionários da América Latina aumentou US$ 48,2 bilhões entre março e julho – uma alta de 17%. Neste seleto grupo de ricaços da região, 42 estão no Brasil. O patrimônio deles cresceu US$ 34 bi no período – para US$ 157,1 bilhões.

“Desde o começo das medidas de quarentena para conter o avanço da Covid, oito novos bilionários surgiram na região. Em contraste, estima-se que até 52 milhões de pessoas na América Latina e Caribe passarão a ser pobres com a crise e 40 milhões podem perder seus empregos”, relata o Valor.

Urgência do imposto sobre grandes fortunas

Ainda segundo o jornal, “os ganhos dos latino-americanos mais abastados foram estimados comparando-se sua riqueza líquida entre 18 de março e 12 de julho. Os US$ 48,2 bilhões a mais no período representam mais de um terço (38%) do total dos pacotes de estímulo de todos os países da América Latina e do Caribe”.

O montante equivale, ainda, a nove vezes os empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) à região, segundo a Oxfam. No caso do Brasil, a ONG ressalta que a situação já era preocupante antes da pandemia, que deve agravar o quadro. “A trajetória do vírus é uma fotografia das profundas desigualdades do país”.

“Na vice-liderança mundial do número de casos e mortes, o Brasil tinha 40 milhões de trabalhadores informais e 12 milhões de desempregados antes da doença chegar ao país. Com o aumento da taxa de desemprego, que pode dobrar, os mais pobres serão os mais afetados, segundo a Oxfam”.

Para fazer frente aos impactos sociais e econômicos da pandemia, a ONG propõe uma série de medidas. “A principal é a criação de um imposto sobre grandes fortunas”. Ela também defende “reduzir tributos que pesam mais para pessoas de baixa renda, como os que incidem sobre os produtos da cesta básica e de uso sanitário”. A reforma tributária proposta pelo abutre Paulo Guedes, porém, caminha no sentido oposto.

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Altamiro Borges* é jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro do Comitê Central do PCdoB.

 

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