A fúria fascista de Bolsonaro tem despertado a reação de muita gente, de diferentes espetros e com distintos tons. Agora são os atletas que lançam o movimento batizado de “Esporte pela Democracia”. Entre os craques que já aderiram ao seu manifesto estão Raí, Casagrande, Grafite, Ana Moser, Igor Julião e Joanna Maranhão. O manifesto é bem generoso e amplo:

Por Altamiro Borges*

“Nós, atletas, ex-atletas e profissionais ligados ao esporte, cidadãos brasileiros antes de tudo, afinados com o pensamento de diversas categorias e nos juntando às vozes que pactuam com a democracia, os direitos humanos e civis, respeito à vida e à diversidade, estamos aqui unidos em nome daquilo que sempre acreditamos e praticamos em nossas profissões e que deve se estender sem restrições ao exercício cotidiano: o direito supremo à vida e a uma sociedade justa, igualitária, ANTIRRACISTA, o respeito das individualidades e o valor do coletivo em nome do bem-estar e da dignidade para todos”.

Na conclusão, o movimento “Esporte pela Democracia” conclama por novos adesões na luta por mudanças no Brasil: “O sonho de todo atleta é representar seu país. Estamos então aqui hoje para reconvocar a lucidez, diante da questão inadiável: que Brasil é esse que queremos trazer na camisa e chamar de nosso?”

Distintas forças e distintos tons

O manifesto dos atletas se soma a vários outros lançados nos últimos dias que evidenciam o isolamento do “capetão” Bolsonaro e a centralidade que a luta contra o fascismo tem adquirido. Eles reúnem distintas forças – algumas bem divergentes entre si – e possuem diferentes tons – dos mais brandos aos mais incisivos. Eles expressam, dentro das limitações, a ampliação da frente antifascista. Vale citar alguns destes manifestos:

– Estamos Juntos. O texto, bastante genérico, prega a defesa da vida, da liberdade e da democracia. Assinado por artistas, intelectuais e políticos de campos ideológicos distintos, ele abriu para adesões na internet e já tem mais de 271 mil assinaturas.

– Basta! Organizado por juristas e advogados como Antonio Claudio Mariz de Oliveira e Claudio Lembo, o manifesto passou das 42 mil assinaturas na internet. Cobra respeito à Constituição e às instituições.

– Somos 70 por Cento. A campanha virtual foi criada pelo economista Eduardo Moreira. Ela faz referência ao apoio de cerca de 30% a Jair Bolsonaro registrado nas últimas pesquisas. A hashtag foi usada por políticos de variados partidos, além de celebridades midiáticas, como a apresentadora Xuxa,

– Pacto pela Democracia. A coalizão que agrega cerca de 150 entidades da sociedade civil publicou manifesto contra “a incessante escalada de intentos autoritários” pelo governo. Entre os signatários estão movimentos de renovação política, ONGs de direitos humanos e grupos ambientais.

– Comissão Arns de Direitos Humanos. A entidade, formada por ex-ministros de todos os governos pós-ditadura e por intelectuais e ativistas, lançou nota em que afirma se preocupar com “as manifestações desestabilizadoras” do bolsonarismo contra o STF e seus ministros.

– As Forças Armadas e a Democracia. Manifesto assinado por 170 profissionais ligados ao direito, entre eles três ex-ministros da Justiça, pede que as militares respeitem os ritos democráticos no país.

– Manifesto pela unidade antifascista. Reproduzo a seguir a íntegra deste importante documento:

***

Quem valoriza e defende o Estado Democrático de Direito acompanha, a cada dia, a maneira como o país vai sendo empurrado para o abismo, com ameaças seguidas de golpe por parte de Bolsonaro.

O que nos resta de democracia e de respeito constitucional está se esvaindo de forma veloz enquanto o fascismo avança.

Agora, diante da dupla catástrofe – a pandemia e Bolsonaro – e das eleições municipais, não podemos pensar e agir como antes. Não será outra eleição dentro da normalidade democrática.

Por isso mesmo, é imperioso que cada um de nós adie seus legítimos projetos próprios e se abra, desarmado, para uma grande concertação de todas as forças antifascistas, as quais, vale enfatizar, não se esgotam nas esquerdas.

Não é hora de fazer cálculos para 2022, simplesmente porque as eleições de
2022 estão em risco, como as vidas de todos e todas nós pela ameaça de um golpe.

O governo aposta no caos, anseia por saques, desespero popular, estados falidos, Congresso dividido, Supremo chantageado, tudo isso enquanto o fascismo assalta mais e mais as instituições.

As milícias estão a postos, segmentos policiais estão a postos, grupos se armam e setores das Forças Armadas talvez sejam sensíveis a uma eventual convocação do Planalto, mesmo contra a opinião da cúpula militar.

É urgente que cada um de nós reconheça a magnitude do desafio e trabalhe em todos os níveis, em todas as instâncias, para a formação de uma ampla frente antifascista.

Nas próximas eleições municipais é preciso a união de todos e todas em torno das candidaturas capazes de ampliar o movimento democrático e de competir para vencer, em nome da resistência antifascista. A credencial indispensável é o compromisso claro de enfrentar o fascismo em todas as suas dimensões.

Nós, cidadãos e cidadãs brasileiras, apelamos às lideranças democráticas que se mostrem à altura de nosso tempo e se empenhem na formação de um pacto antifascista.

______
As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal PCdoB