A crise na mídia impressa segue em ritmo acelerado. Após 22 anos de circulação, o jornal Agora São Paulo anuncia que deixará de ir às bancas nesta segunda-feira (29). O Grupo Folha, dono do veículo, informa que “a decisão seguiu critérios básicos em circulação e publicidade” – em outras palavras, o jornal despencou em tiragem e em anúncio. O decadente império midiático também garante que “será facultado aos jornalistas se transferirem para a redação da Folha ”. Será?

Por Altamiro Borges

Segundo o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, o jornal Agora possui “cerca de 30 profissionais, entre contratados em regime CLT, contratos e freelancers”. Apesar do comunicado lacônico do Grupo Folha de que não haverá demissões, a entidade de classe enfatiza: “Estaremos de olho nesta transição”. Vale conferir uma “carta de apoio aos jornalistas e aos jornalistas do Agora” publicado pelo sindicato:

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Reunidos em assembleia na noite de quarta-feira (24), mais de 300 jornalistas manifestam o seu repúdio ao fechamento do Jornal Agora e sua solidariedade às e aos trabalhadores do veículo. Não foi com surpresa que uma categoria chamada a notícia, mas isso não torna menos impactante, sobretudo por vir durante um processo de intensa mobilização da categoria de acordo com a condição de salarial.

A comunicação chegou em meio a um processo histórico para os jornalistas: após mais de 40 anos, o trabalhador e os trabalhadores cruzaram os braços contra a intransigência das empresas e a tentativa de rebaixamento de salários. Mobilização que contou com a participação ativa dos companheiros do Jornal Agora, mesmo as / os trabalhares temporárias (os).

São cerca de 30 profissionais, entre contratados em regime CLT, contratos contratados e freelancers. Mesmo com notificação por parte da empresa da manutenção das trabalhadores contratados, estaremos de olho nesta transição e seguimos mobilizados em defesa de nossa categoria.

Também saudamos o trabalho masculino profissional, que por 22 anos noticiaram pautas populares de interesse da classe trabalhadora, mas muitas vezes esquecidas por outros veículos.

Nós, jornalistas de jornais e revistas da capital de São Paulo, após uma importante vitória da mudança salarial com base na publicação para a maior parte da categoria, seguimos mobilizados e em luta.

 

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*Jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro do Comitê Central do PCdoB.

 

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