A revista Veja garante que dois fatores atrasam a posse do novo capacho da Saúde, o médico bolsonarista Marcelo Queiroga. A nomeação do ministro deveria ter sido publicada no Diário Oficial da União nesta segunda-feira (22), mas foi novamente adiada – frustrando quem espera pelo desfecho de mais essa crise no laranjal que acelera o colapso no sistema e as mortes no Brasil.

Por Altamiro Borges*

Uma das razões é que ainda não foi definido o destino do general Eduardo Pazuello. “O presidente Bolsonaro quer protegê-lo das investigações que apuram a responsabilidade dele na crise do desabastecimento de oxigênio em Manaus e cogita colocá-lo num posto no Palácio do Planalto. Como ministro da Saúde, Pazuello tem direito ao foro privilegiado”.

O segundo motivo para o atraso na nomeação é “porque Queiroga ainda aparece como ‘sócio-administrador’ de uma empresa médica no sistema de registros da Receita Federal – a Cardiocenter Centro de Diagnósticos e Tratamento de Doenças Cardiológicas, que fica no centro de João Pessoa (PB).

Ação penal contra Marcelo Queiroga

A lei 8.112/1990 veta que servidores públicos participem de “gerência ou administração de sociedade privada”, exigindo que se desliguem para assumir cargos no governo. Segundo a revista, o médico “também constava na semana passada como sócio administrador de outra clínica, a Hemocard… Mas o seu nome já não aparece mais no registro”.

Já o site O Antagonista/Crusoé, que ajudou a eleger o fascista Jair Bolsonaro e hoje virou seu inimigo visceral, apimenta um pouco mais a história do atraso. Segundo uma notinha, “o médico Marcelo Queiroga, quase novo ministro da Saúde, é réu em uma ação penal por crime contra o patrimônio público”. E dá detalhes do rolo:

“No início dos anos 2000, ele administrou o Hospital Prontocor, um pronto-socorro cardiológico privado de João Pessoa que tem uma dívida milionária com o governo federal… Ele deixou de recolher as contribuições previdenciárias descontadas dos salários dos empregados”. Se for isso, o “capetão” escolhe mesmo a dedo seus capachos. O currículo – ou folha corrida – tem que ser qualificado!

Na trincheira sem ajuda

Enquanto “Eduardo Pesadelo” não sai e “Marcelo Quedroga” não assume, os brasileiros continuam morrendo nos corredores dos hospitais lotados, sem oxigênio, remédios e equipamentos. Uma notinha na Folha mostra o desespero dos secretários estaduais de Saúde, que reclamam que “não há ‘absolutamente ninguém’ para estabelecer diálogo ou tomar decisões… Recorrendo a uma analogia de guerra, ao gosto dos militares da Saúde, um dos secretários diz que cada um deles está em sua trincheira, isolado, pressionado pelas tropas inimigas, sem ajuda”.

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Altamiro Borges* é jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro do Comitê Central do PCdoB.

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