Depois de Luciano Huck, que renovou seu contrato com a TV Globo até 2025 e turvou as especulações sobre sua candidatura em 2022, agora é a vez do ex-juizeco e ex-ministro Sergio Moro frustrar a galera do chamado centro político – que agrega muita gente da direita nativa. A revista Veja garante que o paparicado herói da mídia “está fora da disputa pela Presidência da República”.

Por Altamiro Borges*

Segundo notinha de quinta-feira passada (6), “há duas semanas, o Radar mostrou que Sergio Moro, em conversas com aliados políticos, havia estipulado o mês de outubro como prazo para definir sua possível entrada na disputa presidencial. Na mesma nota, o Radar mostrou que ele havia optado por se filiar ao Podemos, caso decidisse pelo caminho político”.

“Diante das expectativas geradas em torno do seu nome, ele acelerou esse processo e agora é oficial. Moro, apesar da esperança de alguns aliados, informou ao seu empregador, a consultoria Alvarez & Marsal, que não será candidato ao Palácio do Planalto em 2022. É carta totalmente fora do baralho”. A choradeira é grande em setores da direita nativa!

O empreguinho na Alvarez & Marsal

O “marreco de Maringá”, como é carinhosamente chamado pelos seus críticos, já havia sinalizado que não iria arriscar seu novo emprego na consultoria dos EUA – a mesma que obteve milionários contratos com a destruição da indústria nacional promovida pela operação Lava-Jato – em uma aventura eleitoral. Ele já sabia que não estava com essa bola toda em popularidade.

No início de abril, a revista Época informou que “Sergio Moro não assinou o manifesto em defesa da democracia com candidatos que aspiram a uma chapa de centro em 2022 porque a Alvarez & Marsal não autorizou. A empresa, que tem entre seus clientes a Odebrecht, não quer que Moro se meta em política enquanto trabalhar para eles”.

Na mesma ocasião, Mônica Bergamo revelou na Folha que a consultoria ianque, que “atua de forma discreta, já teria ficado insatisfeita com a última aparição de Moro em vídeo citando música da cantora Edith Piaf. As imagens foram gravadas num encontro virtual do grupo Parlatório, do qual Moro participa com empresários, economistas, advogados e políticos”.

Como lembra a jornalista, o vídeo do ex-juiz e ex-ministro viralizou nas redes sociais. “Moro se enrolou no francês e errou na pronúncia do nome da cantora francesa – que chamou de ‘Piá’”. O “marreco de Maringá” virou motivo de chacota e de inúmeros memes nas redes sociais. A cena serviu para desgastar ainda mais a já desacreditada imagem da midiática Lava-Jato.

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Sobre o desgaste da destrutiva operação – que estuprou a democracia e devastou a economia nativa –, reproduzo abaixo mais um dos excelentes e corajosos artigos da jornalista Cristina Serra.

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Sergio Moro no lixo da história

Por Cristina Serra – Folha de S.Paulo – 23 de abril de 2021

Na sessão do STF que examinou a equivalência entre turmas e plenário como fóruns de decisão da corte, uma rápida discussão entre os ministros Luís Roberto Barroso e Ricardo Lewandovski resumiu o cerne do que estava em jogo: se vale tudo no Judiciário para perseguir e prender inimigos políticos ou se ainda podemos acreditar na prevalência do devido processo legal.

A Vaza Jato mostrou que o ex-juiz Sergio Moro sugeriu pistas, informantes e estratégias aos procuradores da Lava Jato, ou seja, tramou fora dos autos como chefe da investigação.

Violou o direito básico do réu a um juiz imparcial e desprezou o código de ética da magistratura.

O ministro Barroso considerou que a Vaza Jato revelou apenas “pecadilhos”, “fragilidades humanas”, “maledicências”.

A complacência não passou em branco para Lewandovski, que lembrou outros excessos de Moro muito antes da entrada em cena do hacker e do site The Intercept, como conduções coercitivas e prisões preventivas excessivas.

Acrescento aqui a interceptação telefônica de advogados de defesa e o vazamento do grampo ilegal de conversa entre Lula e a presidente Dilma Rousseff.

À época, a ilicitude mereceu apenas leve reprimenda do então relator da Lava Jato, Teori Zavascki, morto em 2017, e o assunto foi encerrado com pedido de “escusas” de Moro.

Lewandovski assinalou também que as críticas ao modus operandi do ex-juiz não podem ser confundidas com defesa da corrupção.

É uma distorção costumeira e que desqualifica esse debate.

Como o ministro Marco Aurélio Mello se aposentará em breve, espera-se que seja rápido na devolução do caso ao plenário.

O Brasil precisa virar essa página.

O que importa, porém, já está decidido.

O Supremo consagrou a vitória do devido processo legal, do Estado democrático de Direito e da justiça.

O ex-presidente Lula, impedido por Moro de concorrer em 2018, está livre para disputar em 2022.

E Moro irá para o lugar reservado aos canalhas: a lata de lixo da história.

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Altamiro Borges* é jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro do Comitê Central do PCdoB.

 

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