Mais um governador eleito na cavalgada bolsonarista de 2018 está prestes a ser defecado do cargo. Depois do “tiro na cabecinha” de Wilson Witzel, deposto no Rio de Janeiro, a Assembleia Legislativa de Tocantins aprovou na semana passada, por unanimidade, a abertura de processo de impeachment contra Mauro Carlesse (PSL). Acusado de vários crimes de corrupção, ele já estava considerado do governo desde após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Por Altamiro Borges*
Segundo denúncias do Ministério Público, o grupo do governador bolsonarista religioso R $ 9,5 milhões entre 2018 e 2021 e desse total ao menos R $ 7,8 milhões não tem explicação sobre a origem. As investigações apontaram o ruralista Mauro Carlesse como “líder de uma organização criminosa”, que aparelhou a segurança pública e atuava em desvios na área de saúde. O processo de impeachment, que pode culminar na perda definitiva do cargo, deve ser concluído em até 180 dias.

Corrupção na Segurança Pública e na Saúde

Conforme lembra a Folha, o governador bolsonarista foi alvo de duas operações da Polícia Federal. “A primeira, chamada de Éris, teve como objetivo desarticular uma organização criminosa dentro da secretaria de Segurança Pública do Estado, que teria obstruído investigações ‘utilizando-se de instrumentalização normativa, aparelhamento pessoal e poder normativo e disciplinar contra os policiais de coordenação no combate à corrupção’. Em pedido encaminhado ao ministro Mauro Campbell, do STJ, o Ministério Público Federal afirma que Carlesse aparelhou todo o sistema de Segurança Pública do Estado ”.

Uma segunda operação, batizada de Hygea, focou em desmantelar esquemas de propina ligados ao Plano de Saúde dos Servidores do Estado do Tocantins e uma estrutura criada para a lavagem de dinheiro, “assim como demonstrar a integralização dos recursos públicos desviados ao patrimônio dos investigados ”. Segundo as investigações, “há fortes indícios do pagamento de vantagens indevidas ligadas ao plano de saúde dos servidores e a estrutura montada para a lavagem de ativos”. Os recursos desviados sido “integralizados ao patrimônio dos investigados”.

Santa catarina e amazonas

Além da facínora Wilson Witzel e do ruralista Mauro Carlesse, outros dois governadores eleitos na onda bolsonarista de 2018 também passaram ou passam por apuros. O bombeiro Carlos Moisés, hoje rompido com Jair Bolsonaro, chegou a ser passado em Santa Catarina, acusado de corrupção, mas segue como governador. Sua vice, uma raiz bolsonarista e com ligações familiares com nazistas, até tomar posse, mas perdeu o posto – para a tristeza do presidente da República.

Já o governador bolsonarista do Amazonas, o radialista Wilson Miranda, chegou a ser alvo de operações de busca e apreensão da Polícia Federal em junho passado e também teve protocolado vários pedidos de impeachment na Assembleia Legislativa. Investigado na Operação Sangria, ele foi acusado de desviar recursos públicos para o enfrentamento da Covid-19.

Segundo relato do jornal Estadão na época, “uma operação foi aberta depois que o Ministério Público Federal encontrou novos indícios de fraudes e superfaturamento na reinauguração do hospital de campanha Nilton Lins em Manaus no início do ano, quando o sistema de saúde da capital amazonense entrou em colapso diante de uma nova escalada para pandemia, e na prestação de serviços de unidade temporária para tratar pacientes com coronavírus ”.

Alguns dos seus secretários foram afastados e até presos, mas o governador segue no cargo meio cambaleante, podendo cair a qualquer momento. A onda bolsonarista, a dos tais forasteiros, foi um verdadeiro desastre no Brasil.

__
*Jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro do Comitê Central do PCdoB.

 

As opiniões aqui expostas não refletem necessariamente a opinião do Portal PCdoB