O atual senador Jorge Kajuru, um franco atirador na política que acaba de trocar de partido – saiu do Cidadania e filiou-se ao Podemos –, irritou as milícias virtuais bolsonaristas nesta semana. Eleito na carona da onda fascistizante no Brasil, da negação da política, o outsider e ex-comentarista esportivo atacou os fanáticos seguidores do “capetão” Jair Bolsonaro.

Por Altamiro Borges*

Em entrevista ao site Antagonista, que também ajudou a chocar o ovo da serpente no país, Jorge Kajuru debochou dos malucos que foram às ruas em oito capitais para apoiar o presidente-genocida, pedir “intervenção militar com Bolsonaro no poder” e se contrapor às medidas de isolamento social adotadas por governos estaduais no combate à pandemia.

“Isso é bobagem. A maioria que vai a essas manifestações é rigorosamente gente paga ou alienada”, disparou o senador por Goiás. A reação nas redes sociais foi imediata. Muitos internautas se disseram traídos e arrependidos. Famosos perfis de extrema-direita fizeram ameaças violentas. Os mais tacanhos chamaram o político destrambelhado de “esquerdista”, “comunista” e “vendido”.

A conversa vazada com Bolsonaro

Nos últimos dias, Jorge Kajuru ganhou os holofotes da mídia. Ele foi um dos autores da ação no Supremo Tribunal Federal que forçou o presidente do Senado a instalar a CPI da Covid – já batizada de CPI do Genocídio. Essa atitude lhe rendeu várias agressões virtuais e ameaças de morte. Temendo o pior, ele telefonou para o “amigo” Jair Bolsonaro para se explicar.

Mas o franco atirador gravou a conversa e vazou parte dela na internet, o que lhe rendeu novos ataques e ameaças. O ministro bolsonarista Nunes Marques, do STF, chegou a encaminhar à Procuradoria-Geral da República (PGR) notícia-crime cobrando a apuração de possíveis crimes praticados durante o telefonema entre o presidente e o senador.

Processos de Luciana Gimenez e Boris Casoy

Além dessas maluquices políticas típicas dos oportunistas, Jorge Kajuru também foi notícia na imprensa pelas derrotas em dois processos judiciais. Na quarta-feira passada (28), a ministra Rosa Weber acolheu uma ação da apresentadora Luciana Gimenez, da RedeTV, contra o senador que a chamou de “garota de programa” e “desqualificada” em um site de fofocas. Acusado por difamação e injúria, o desbocado tem 15 dias para prestar esclarecimentos ao STF.

Uma semana antes, em 21 de abril, a Justiça de São Paulo já havia condenado o senador a pagar uma indenização de R$ 55 mil ao jornalista Boris Casoy. Em junho de 2013, ele chamou o apresentador de “racista, fascista e pedófilo” em suas redes sociais. O juiz Márcio Teixeira Laranjo, da 21ª Vara Cível de São Paulo, considerou que Jorge Kajuru cometeu crime, “extrapolando a livre manifestação do pensamento e expressão”.

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Altamiro Borges* é jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro do Comitê Central do PCdoB.

 

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