O “capetão” Jair Bolsonaro, que já apoiou locaute de caminhoneiros para desestabilizar governos, está apavorado com a greve da categoria prevista para esta segunda-feira (1º). O farsante finge ceder às reivindicações do setor, ameaça reprimir e aposta na divisão da categoria. Apesar de tudo, o movimento cresceu nos últimos dias.

Por Altamiro Borges*

Segundo levantamento da CNN-Brasil, a paralisação “foi convocada pela Associação Nacional dos Transportes Autônomos do Brasil (ANTB), integrante do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Carga (CNTRC). A ANTB representa cerca de 4.500 caminhoneiros em todo país”. Na sequência, a própria CNTRC aderiu à greve.

Já nesta terça-feira (26), a convocação ganhou o reforço da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística, “uma das maiores entidades da categoria. A CNTTL possui 800 mil motoristas em sua base”. E na quarta-feira, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) declarou solidariedade ao movimento.

A influência bolsonarista na categoria

Na pulverizada organização sindical da categoria, outras entidades – mais ligadas aos grandes empresários ou comandadas por bolsonaristas fanáticos – rejeitam a greve. É o caso da Confederação Nacional do Transporte. Apesar disso, a ANTB garante que a greve “poderá ser maior do que a de maio de 2018”, que durou 11 dias.

Segundo a CNN-Brasil, “o principal motivador da greve é a alta do preço do diesel, que teve aumento de 4,4% nas refinarias no final de dezembro e é o combustível majoritariamente usado por caminhoneiros. Também é reivindicada a revisão no reajuste na Tabela do Piso Mínimo de Frete”, entre outras exigências.

Metido a valentão, Jair Bolsonaro está se pelando de medo. Tanto que ele fez algumas encenações. “Numa tentativa de frear a realização da greve dos caminhoneiros, o governo decidiu incluir a categoria na lista do grupo de prioridades para tomar as vacinas contra a Covid-19 no país”, relata a CNN-Brasil.

As tentativas de sedução do governo

Além disso, o abutre Paulo Guedes, czar da economia, sinalizou que pode zerar o imposto de importação de pneus para veículos de carga. Já o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, jurou revisar as normas de pesagem de caminhões nas estradas, para reduzir os custos dos autônomos. Por enquanto, só promessas!

O desespero, porém, é grande. Neste sábado (30), o Estadão destacou no título: “Por caminhoneiros, governo pode cortar benefício para pessoas com deficiência”. Segundo a matéria, “a equipe econômica estuda limitar a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de carros para pessoas com deficiência”.

Esse e outros cortes visariam “compensar a perda na arrecadação com eventual redução do PIS/Cofins sobre o diesel, como forma de atenuar efeitos do aumento no preço do combustível no bolso dos caminhoneiros… O Palácio do Planalto tem urgência para atender à demanda da categoria”.

“Todos vamos perder”, apela o capitão

Mas o teatrinho palaciano parece que não seduziu a categoria. Diante da manutenção da greve, o governo já anunciou que não permitirá bloqueio de estradas, cobrará multa dos grevistas e acionará a repressão policial. Na quarta-feira (27), Jair Bolsonaro fez um apelo patético, em tom de ameaça: “Todos vamos perder”.

Segundo Carla Araújo, em matéria publicada na Folha na sexta-feira (29), “o governo, nos bastidores, segue o discurso de que a situação ainda está sob controle. Apesar disso, Jair Bolsonaro, que tenta manter o apoio da categoria, sabe que o governo não pode baixar a guarda e nem permitir que o movimento ganhe corpo”.

A conferir como será esta segunda-feira!

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Altamiro Borges* é jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro do Comitê Central do PCdoB.

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