O genocida Jair Bolsonaro, talvez se antecipando à tragédia anunciada do aumento das mortes por Covid-19, decidiu atacar mais uma vez os governadores. O criminoso não assume as suas responsabilidades e tenta desviar as atenções. O seu ataque, porém, foi rapidamente rechaçado, unindo 19 governantes estaduais que o trataram como mentiroso e irresponsável.

Por Altamiro Borges*

Em carta publicada nesta segunda-feira (1º), governadores de distintos partidos – de Rui Costa (PT-BA) e Flávio Dino (PCdoB-MA) a Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Ratinho Junior (PSD-PR) – retrucaram as postagens provocadoras do “capetão” sobre os valores repassados aos estados em 2020.

“Criação de confrontos” e “imagens maniqueístas”

“Em meio a uma pandemia de proporção talvez inédita na história, agravada por uma contundente crise econômica e social, o Governo Federal parece priorizar a criação de confrontos, a construção de imagens maniqueístas e o enfraquecimento da cooperação federativa essencial aos interesses da população”, contra-atacaram

No texto, os gestores estaduais esclarecem que os valores alardeados pelo presidente fascista são repasses obrigatórios previstos na Constituição e abastecem, por meio de impostos pagos pela população, os Fundos de Participação dos Estados e Municípios, Fundeb, SUS e royalties.

Os governadores explicam ainda que foram incluídos valores usados para o pagamento do auxílio emergencial – uma “iniciativa do Congresso Nacional” – e suspensões de pagamentos de dívida federal por decisão judicial antes da pandemia. Ou seja: Jair Bolsonaro mentiu descaradamente à sociedade, o que até justificaria um novo pedido de abertura de processo de impeachment.

As fake news dos fascista

Desafiando o difusor de fake news, a carta ainda ironiza: “Adotando o padrão de comportamento do Presidente da República, caberia aos Estados esclarecer à população que o total dos impostos federais pagos pelos cidadãos e empresas de todos Estados, em 2020, somou R$ 1,479 trilhão. Se os valores totais, conforme postado, somam R$ 837,4 bilhões, pergunta-se: onde foram parar os outros R$ 642 bilhões que cidadãos de cada cidade e cada Estado brasileiro pagaram à União em 2020?”

Os governadores encerram a incisiva nota pregando a urgência de se adotar medidas mais duras para frear o avanço da Covid-19, iniciativa que é rechaçada pelo genocida Jair Bolsonaro. “A contenção de aglomerações – preservando ao máximo a atividade econômica, o respeito à ciência e a agilidade na vacinação – constituem o cardápio que deveria estar sendo praticado de forma coordenada pela União na medida em que promove a proteção à vida, o primeiro direito universal de cada ser humano”.

A nota é assinada pelos seguintes governadores:

1- Renan Filho – Governador de Alagoas

2- Waldez Góes – Governador do Amapá

3- Camilo Santana – Governador do Ceará

4- Renato Casagrande – Governador do Espírito Santo

5- Ronaldo Caiado – Governador de Goiás

6- Flávio Dino – Governador do Maranhão

7- Helder Barbalho – Governador do Pará

8- João Azevêdo – Governador da Paraíba

9- Ratinho Júnior – Governador do Paraná

10- Paulo Câmara – Governador de Pernambuco

11- Wellington Dias – Governador do Piauí

12- Cláudio Castro – Governador em exercício do Rio de Janeiro

13- Fátima Bezerra – Governadora do Rio Grande do Norte

14- Eduardo Leite – Governador do Rio Grande do Sul

15- João Doria – Governador de São Paulo

16- Belivaldo Chagas – Governador de Sergipe

17- Rui Costa – Governador da Bahia

18- Mauro Mendes – Governador de Mato Grosso

19- Mauro Carlesse – governador do Tocantins

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Batalha de narrativas na internet

Em tempo: Além da carta dos 19 governadores, a disputa de narrativas na sociedade prosseguiu com postagens nas redes sociais contrapondo-se às fake news das milícias bolsonaristas. Registro apenas três:

“A mentira federal sobre repasse de recursos ao Estado do Maranhão é tão absurda que o valor “informado” (R$ 36 bilhões) equivale quase ao dobro do orçamento do Estado em 2020. Vamos ter que, mais uma vez, entrar na Justiça por essa vergonhosa fake news” – Flávio Dino, governador do Maranhão

“Ele cita como auxílio aos estados valores que, em sua grande maioria, são transferências constitucionais obrigatórias para estados e municípios (FPE, FPM, FUNDEB e SUS), bem como benefícios previdenciários obrigatórios. Uma inverdade” – Wellington Dias (PT), governador do Piauí

“O presidente da república mistura, sem explicar, todos os repasses federais (até os obrigatórios pela CF) e fala que mandou R$ 40 bilhões pro RS. Se a lógica é essa, fica a dúvida: como o RS mandou pra Brasília 70bi em impostos federais, cadê os nossos outros 30bi que enviamos?” – Eduardo Leite (PSDB) é governador do Rio Grande do Sul

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Altamiro Borges* é jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro do Comitê Central do PCdoB.

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