Em entrevista à edição desta semana da revista IstoÉ, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro, detonou o presidente, chamando-o de “traidor”, “canalha”, “criminoso” e “covarde”. Agora como cabo-eleitoral do ex-juiz Sergio Moro, o milico sonha em disputar uma vaga ao Senado pelo Podemos.

Por Altamiro Borges*

Entre outras críticas, o direitista Santos Cruz disparou: “Muita gente que votou em Bolsonaro acreditava no discurso dele. Mas ele é um traidor de carteirinha. O seu governo destruiu a direita e o conservadorismo”. Será que os torpedos do ex-ministro refletem alguma crise na área militar, uma sinalização de que a milicada pode abandonar o “capetão”?

O descrédito das Forças Armadas

Na entrevista, o general avalia não ter “envergonhado” as Forças Armadas ao participar do laranjal bolsonariano. O falso ingênuo diz que foi “enganado” e até inocenta seus colegas de farda. “Essas pessoas não representam as Forças Armadas. Nem eu quando estava no governo representei. O pessoal da reserva não representa as Forças Armadas. O Heleno não está lá exercendo a função de general, mas a de um ministro qualquer”.

Para ele, o capitão “envergonha” os militares. “Bolsonaro tenta se apropriar da imagem das Forças Armadas. Ele não tem nenhuma noção de valorização institucional. O Brasil está passando por um período muito ruim nesse aspecto. Em todas as áreas em que o presidente teve maior atuação, as instituições foram desmoralizadas. Na PF, por exemplo, onde houve várias trocas de delegados e de superintendentes, foi muito negativo”.

“As Forças Armadas entram nesse pacote de desrespeito institucional. Convidar militares para o governo não é um problema. O número excessivo deles dá a percepção de que as Forças Armadas estão institucionalmente engajadas com Bolsonaro. E não estão. Transmitir essa imagem é proposital”.

A ação da “gangue virtual” bolsonarista

O ex-aliado do capitão hoje é duro nas críticas: “Bolsonaro sempre foi covarde. É uma característica dele. Um momento em que isso ficou perceptível foi no 7 de Setembro, quando ele fez um chamamento popular, uma bravata absurda na Avenida Paulista. Pouco tempo depois, chamou outra pessoa [Michel Temer] para escrever meia página e se desculpar”.

O general também criticou a ação do presidente contra a Agência Nacional de Vigilância Sanitária no caso da vacinação das crianças. “Uma barbaridade e uma canalhice total. Órgãos técnicos como a Anvisa existem exatamente para fazer com que a sociedade não fique à mercê apenas de decisões políticas. Expor os servidores é uma coisa criminosa… Isso é uma covardia infinita. E Bolsonaro sempre foi covarde”.

Santos Cruz ainda alertou para os perigos da milícia digital bolsonarista. “É muito ativa. Uma verdadeira gangue virtual, composta também por pessoas extremistas, que gostam desse tipo de populismo barato que Bolsonaro faz. Gente que aceita o presidente passeando por aí usando dinheiro público. Ou que aceita barbaridades como essa a que assistimos, expondo os funcionários da Anvisa”.

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*Jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro do Comitê Central do PCdoB.

 

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