Após ser defecado do laranjal dos genocidas, o general Eduardo Pazuello – já apelidado de Eduardo Pesadelo – perdeu o “foro privilegiado” e agora poderá ser alvo de investigações. O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quarta-feira (24) que seja enviado à primeira instância o inquérito sobre as suas omissões no enfrentamento à pandemia da Covid-19.

Por Altamiro Borges*

A investigação tem como foco principal o colapso da saúde em Manaus (AM), no início deste ano, com as cenas dramáticas das mortes por falta de oxigênio nos hospitais. Já há inúmeros indícios de que o tal “craque em logística” sabia da falta do produto e não fez nada para resolver o problema.

“Cessado o exercício da função pública que atrai a competência originária em matéria penal desta Suprema Corte, deixa de existir a prerrogativa de foro pertinente aos ministros de Estado, sendo de rigor o encaminhamento do inquérito ao primeiro grau de jurisdição para o eventual prosseguimento das investigações”, justificou Ricardo Lewandowski.

Omissão criminosa do ex-ministro?

O magistrado ressaltou ainda que, como a omissão criminosa foi praticada na sede do Ministério da Saúde em Brasília, o caso será remetido à Justiça Federal do Distrito Federal. O inquérito foi aberto em janeiro a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e, com isso, Eduardo “Pesadelo” já passou a ser investigado pela Polícia Federal.

O pedido de apuração da PGR apontou que o então ministro sabia do iminente colapso no abastecimento desde dezembro, mas só se mexeu em janeiro. Mesmo ciente do déficit nos estoques, Eduardo Pazuello ainda atrasou o envio de oxigênio e optou por mandar cloroquina ao estado do Amazonas.

Além da incompetência logística, o general também foi contraditório – para não dizer mentiroso – em seus depoimentos e entrevistas sobre o crime. Ele mudou a data em que teria sido avisado sobre a falta de oxigênio. Como lembra o site G1, “à Polícia Federal, Pazuello contradisse documentos oficiais”.

Desgaste da imagem dos militares

“A PF perguntou a Pazuello sobre o recebimento do documento da White Martins. Em resposta, o agora ex-ministro disse que o ofício nunca foi entregue oficialmente. A declaração representou outra contradição – desta vez, em relação a uma entrevista dada por Pazuello em 18 de janeiro”, agrega o site.

O fim do “foro privilegiado” do general apavora os golpistas das Forças Armadas. Isso ajuda a explicar o atraso na troca do milico pelo médico-capacho no Ministério da Saúde. O desastre no combate da Covid-19 arranha a falsa imagem de competência dos militares e gera ainda maior desgaste à instituição. O preço será alto!

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Altamiro Borges* é jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro do Comitê Central do PCdoB.

 

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