Em duro editorial publicado no sábado (27), o jornal Estadão cobrou “a urgência da CPI da pandemia”. A mídia privada – que ajudou a chocar o ovo da serpente fascista que elegeu Bolsonaro e é corresponsável pela atual tragédia brasileira – bem que podia seguir o exemplo do diário paulista e fazer uma campanha nacional pela CPI da Covid-19 para conter o genocida.

Por Altamiro Borges*

No texto, o jornalão lembra que “sobre a mesa de trabalho do presidente do Congresso Nacional, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), está o pedido de instalação de uma CPI para investigar as ações e omissões do governo federal na condução da crise sanitária provocada pelo novo coronavírus”.

Pedido assinado por 31 senadores de 11 partidos

O pedido foi assinado por 31 senadores de 11 partidos e não há qualquer justificativa para adiar a sua criação. “É do mais alto interesse público que esta CPI seja instalada imediatamente”, afirma o editorial, que lembra que é prerrogativa do Poder Legislativo fiscalizar o Poder Executivo.

O Estadão é enfático na defesa da CPI-Já: “Um inquérito parlamentar para apurar responsabilidades é mandatório. Já são mais de 250 mil vítimas fatais da peste. E não há nada que permita ao mais otimista dos brasileiros sonhar com dias melhores no futuro próximo. Ao contrário”.

“É duro constatar que, a ser mantido o comportamento desidioso da dupla Bolsonaro e Pazuello, a Nação está mais próxima de prantear 300 mil vidas perdidas para o novo coronavírus em poucas semanas do que de ver o arrefecimento da crise no País”. Fatos recentes reforçam essa urgência.

Na quinta-feira passada (25), no mesmo dia em que foi registrado o maior número de mortes por Covid-19 em 24 horas desde o início da pandemia no Brasil – 1.582 óbitos – o genocida Jair Bolsonaro foi às redes sociais “não para lamentar os mortos, mas para desencorajar o uso de máscaras pela população”.

“Muitas vidas certamente serão salvas”

O negacionista ainda criticou as medidas de isolamento social indicadas pela OMS e voltou a atacar insanamente governadores e prefeitos. Ao invés de unir a nação na guerra ao perigoso inimigo, o “capetão” joga na divisão e aposta na morte. É um psicopata adepto da necropolítica.

Como argumenta o Estadão, essa postura irresponsável é só uma das razões para instalar a CPI da Covid. “Quanto mais rápido os parlamentares investigarem condutas que colaboram para o agravamento da crise, mais rápido elas serão cessadas. E muitas vidas certamente serão salvas”.

O jornal da oligarquia paulista, que nas eleições de 2018 não viu diferença entre o capitão-fascista e o petista Fernando Haddad, agora tem pressa: “Uma CPI que chame às falas os responsáveis pelo desastre sanitário pode funcionar como lenitivo para o patológico descaso do governo Bolsonaro com a vida de seus governados”.

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Altamiro Borges* é jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro do Comitê Central do PCdoB.

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