Altamiro Borges: Dilma sobre Bolsonaro: “Índole de torturador”
O presidente Jair Bolsonaro, adorador da sanguinária ditadura militar e amante do coronel-torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, segue com suas provocações fascistas – talvez para fugir do debate sobre as quase 200 mil mortes por Covid-19 ou sobre as “rachadinhas” dos seus pimpolhos. Nesta segunda-feira (28), ele afirmou não acreditar que a ex-presidenta Dilma Rousseff tenha sido torturada. Mais um gesto cruel e desumano.
Por Altamiro Borges*
Em conversa com seus fanáticos seguidores no Palácio da Alvorada, o “capetão” citou o caso do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, para atacar as esquerdas. “O PT sempre falava de tortura de militar, né? Quando foi torturado e executado um cara deles, o PT não quis investigar. Os caras se vitimizam o tempo todo, fui perseguido”, afirmou o farsante, que parece desconhecer as conclusões dos inquéritos policiais sobre o episódio.
Sobre a ex-presidenta, o genocida questionou com o seu sorrisinho escroto: “Dizem que a Dilma foi torturada e fraturaram a mandíbula dela. Traz o raio-X para a gente ver o calo ósseo. Olha que eu não sou médico, mas até hoje estou aguardando o raio X”. Várias reportagens, livros e depoimentos já comprovaram que Dilma Rousseff foi torturada pelos milicos, inclusive por Brilhante Ustra, mas o negacionista e genocida insiste em colocar em dúvida.
Em depoimento prestando ao Conselho Estadual de Direitos Humanos (Conedh-MG) em 2001, a ex-presidente relatou: “Minha arcada girou para o lado, me causando problemas até hoje, problemas no osso do suporte do dente. Me deram um soco e o dente se deslocou e apodreceu… Só mais tarde, quando voltei para São Paulo, o Albernaz (capitão Alberto Albernaz, do DOI-Codi de São Paulo) completou o serviço com um soco, arrancando o dente”.
Diante de mais essa provocação do fascista Jair Bolsonaro, vale conferir o artigo de Dilma Rousseff postado em seu site:
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Índole de torturador
Jair Bolsonaro promoveu mais uma de suas conhecidas sessões de infâmia e torpeza, falando a um pequeno grupo de apoiadores, nesta segunda-feira, 28 de dezembro.
Como não respeita nenhum limite imposto pela educação e pela civilidade, uma exigência a qualquer político, e mais ainda a um presidente da República, desmoraliza mais uma vez o cargo que ocupa. Mostra-se indigno ao tratar com desrespeito e com deboche o fato de eu ter sido presa ilegalmente e torturada pela ditadura militar. Queria provocar risos e reagiu com sórdidas gargalhadas às suas mentiras e agressões.
A cada manifestação pública como esta, Bolsonaro se revela exatamente como é: um indivíduo que não sente qualquer empatia por seres humanos, a não ser aqueles que utiliza para seus propósitos. Bolsonaro não respeita a vida, é defensor da tortura e dos torturadores, é insensível diante da morte e da doença, como tem demonstrado em face dos quase 200 mil mortos causados pela Covid-19 que, aliás, se recusa a combater. A visão de mundo fascista está evidente na celebração da violência, na defesa da ditadura militar e da destruição dos que a ela se opuseram.
É triste, mas o ocupante do Palácio do Planalto se comporta como um fascista. E, no poder, tem agido exatamente como um fascista. Ele revela, com a torpeza do deboche e as gargalhadas de escárnio, a índole própria de um torturador. Ao desrespeitar quem foi torturado quando estava sob a custódia do Estado, escolhe ser cúmplice da tortura e da morte.
Bolsonaro não insulta apenas a mim, mas a milhares de vítimas da ditadura militar, torturadas e mortas, assim como aos seus parentes, muitos dos quais sequer tiveram o direito de enterrar seus entes queridos.
Um sociopata, que não se sensibiliza diante da dor de outros seres humanos, não merece a confiança do povo brasileiro.
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Altamiro Borges* é jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro do Comitê Central do PCdoB.
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