Após posar de santinho e civilizado na eleição municipal de novembro passado, o tucano Bruno Covas esbanja crueldade e desprezo aos mais necessitados. Nesta semana, a prefeitura de São Paulo colocou pedras embaixo de viadutos e apreendeu colchões e barracas de pessoas em situação de rua.

Por Altamiro Borges*

A política “higienista” e fascistoide do prefeito paulistano deve ter agradado a cloaca burguesa e a “classe mérdia”, mas revoltou as pessoas com alguma compaixão. O padre Julio Lancellotti, famoso defensor dos oprimidos, usou uma marreta para destruir as pedras em um viaduto na zona leste da capital paulista.

A reação indignada do religioso teve efeito imediato. “Na hora que eu estava lá chegaram as escavadeiras, com cinco caminhões e mais de 30 funcionários, porque estava vindo muita gente fotografar. Ficaram com medo da imagem”, festejou padre Julio Lancellotti, após criticar a ação desumana da prefeitura.

Confisco de colchões e barracas

Após recuar na colocação de pedras embaixo de viadutos – que teve o nítido propósito de impedir que moradores de rua dormissem no local –, o tucano voltou a atacar na quinta-feira (4). Equipes da prefeitura apreenderam colchões, barracas e outros pertences de pessoas em situação de rua. Celulares registraram as cenas da barbárie.

A ação brutal gerou revolta nas redes sociais e críticas de entidades de direitos humanos. Três candidatos que disputaram as eleições municipais também reagiram indignados, segundo reportagem da revista Fórum. Guilherme Boulos, do PSOL e do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), que ficou em segundo lugar na disputa, criticou:

“A violência contra os sem-teto não para em São Paulo. Depois das pedras no viaduto, agentes da prefeitura retiraram colchões e barracas das pessoas em situação de rua no centro da cidade. Absurdo. Pedras para afastar sem-teto, arrancar barracas e colchões, o que mais falta? É higienismo puro da prefeitura de São Paulo”.

O cinismo do prefeito tucano

Já Jilmar Tatto, dirigente do PT, detonou: “Uma atitude higienista e insensível. A prefeitura, ao invés de ter uma política de acolhimento, de fazer com que essas pessoas tenham carinho, com tratamento de saúde para aqueles que precisam, cria dificuldade. É totalmente desumano”.

E o deputado federal Orlando Silva, ex-candidato pelo PCdoB à prefeitura paulistana, registrou a sua indignação: “Para a população de rua, a solução da prefeitura é um colchão de pedra e um teto de estrelas, quando não chove, claro. É muita falta de empatia, muita desumanidade”.

Diante da forte rejeição, o tucano subiu no muro. Em nota, a prefeitura disse que “a implantação de pedras sob viadutos foi uma decisão isolada, que não faz parte da política de zeladoria da gestão municipal, tanto é que foi determinada a remoção”. Quanto à retirada de colchões e barracas, Bruno Covas usou um decreto para justificar a ação. Haja cinismo!

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Altamiro Borges* é jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro do Comitê Central do PCdoB.

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