Sem maior alarde, a Folha publicou na quarta-feira (30): “O presidente Bolsonaro (sem partido) foi escolhido a pessoa do ano na categoria crime organizado e corrupção do OCCRP (Organized Crime and Corruption Reporting Project’s), consórcio internacional de jornalistas investigativos e centros de mídia independentes”.

Por Altamiro Borges*

Segundo a organização, o presidente brasileiro está “cercado por figuras corruptas, usa propaganda para promover sua agenda populista, minou o Sistema de Justiça e trava guerra destrutiva contra a região da Amazônia que enriqueceu alguns dos piores proprietários de terra do país”.

O consórcio também detonou o clã presidencial, citando as “rachadinhas” e as ligações com milícias. “A família de Bolsonaro e seu círculo íntimo parecem estar envolvidos numa conspiração criminosa em andamento e têm sido regularmente acusados de roubar do povo”, diz Drew Sullivan, editor do OCCRP.
“Prêmio injusto”, ironiza Fernando Haddad

Segundo a Folha, “Jair Bolsonaro foi escolhido por um júri de jornalistas investigativos, acadêmicos e ativistas superando por pouco os presidentes dos EUA, Donald Trump, apontado como responsável pelo retrocesso de ações contra a corrupção no país, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan”.

A revista Época também registrou a “premiação” e aproveitou para bajular o OCCRP. “Bolsonaro foi eleito como ‘Pessoa do ano’ na promoção do crime organização e da corrupção… Ele é um dos maiores consórcios de jornalistas investigativos do mundo, criado na Europa e que publica dezenas de reportagens por ano”.

A “premiação” acabou agitando as redes sociais. O ex-candidato à presidência, Fernando Haddad (PT), não perdeu a oportunidade para ironizar. “Muito injusto o prêmio ‘corrupto do ano’ para Bolsonaro. Por que ‘do ano’? A família passou 28 anos desviando recursos públicos. Reconhecimento tardio e parcial”.

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Altamiro Borges* é jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro do Comitê Central do PCdoB.

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