O presidente “Bolsocaro” tira a comida da mesa dos brasileiros. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), divulgado na sexta-feira (25) pelo IBGE, confirma que o principal puxador da inflação foi o grupo Alimentos e Bebidas, que acelerou em relação ao mês anterior (1,20%) e apresentou a maior variação (1,95%) no período.

Por Altamiro Borges*

O segundo maior impacto no bolso do povão foi do grupo Saúde e Cuidados Pessoais, cujos preços subiram 1,30%. Na sequência, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, aparece o grupo Transportes, com alta de 0,68%. Juntos, estes três grupos representaram 75% do impacto total sobre o IPCA-15 de março.

Esse indicador, que é considerado uma “prévia da inflação” e reúne nove grupos de produtos e serviços, atingiu o maior nível para março em sete anos: 0,95%. Em março de 2021, a taxa foi de 0,93%. Em um ano, o IPCA-15 soma 10,79%, acima dos 10,76% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores.

Alimentos, saúde e transporte

A alta no grupo Alimentos tem forte impacto na mesa dos brasileiros. Houve disparada do preço da cenoura (45,65%) e aumentos expressivos nos preços do tomate (15,46%) e das frutas (6,34%). As altas atingiram ainda os preços da batata-inglesa (11,81%), do ovo de galinha (6,53%) e do leite longa vida (3,41%).

Já no grupo Saúde, houve alta dos itens de higiene pessoal (3,98%), produtos farmacêuticos (0,83%) e dos serviços médicos e dentários (0,58%). No grupo Transportes, o preço da gasolina subiu 0,83%. Esse aumento já reflete o mega reajuste de 18,77% do combustível nas refinarias, imposto pela Petrobras em 11 de março.

Perda de 21% do poder de compra

Outro indicador divulgado na semana passada também confirma o descontrole inflacionário. Segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação na cidade de São Paulo, subiu 1,14% na terceira quadrissemana de março, acelerando em relação à alta de 0,96% observada na segunda quadrissemana deste mês.

Quatro dos sete componentes do IPC ganharam força: Habitação (de 0,53% na segunda quadrissemana para 0,71% na terceira quadrissemana), Alimentação (de 2,21% para 2,32%), Transportes (de 0,76% para 1,13%) e Despesas Pessoais (de 0,51% para 0,78%). Os custos de Vestuário e Educação avançaram 0,83% e 0,11%, respectivamente.

Para o economista Guilherme Moreira, coordenador da pesquisa da Fipe, a escalada inflacionária nos três anos de desgoverno Bolsonaro é destrutiva. “É muita coisa. É um quadro muito preocupante. Em três anos perdemos 21% do poder de compra e precisaríamos ganhar entre 20% a 21% a mais para compensar o poder de compra perdido”.

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*jornalista, coordenador do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e secretário nacional de Mídias do PCdoB.

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