Altamiro Borges: As pesquisas e a “noivinha do Aristides”
Jair Bolsonaro tem motivos de sobra para estar irritado – e não é com uma tirada homofóbica sobre a “noivinha do Aristides”. Ele derrete em todas as pesquisas de opinião. A sondagem do Instituto Atlas, divulgada nesta segunda-feira (29), mostra que a aprovação do seu governo despencou e atingiu o menor percentual desde a sua posse em janeiro de 2019.
Por Altamiro Borges*
Somente 19% dos entrevistados avaliam o governo como ótimo / bom, enquanto 20% consideraram regular e 60% o classificaram como ruim / péssimo. Na consulta anterior, em setembro, a avaliação positiva foi de 32%. Questionados sobre os principais problemas do país, 59% apontaram como questões econômicas, como o índice de informação e a pobreza.
Rejeição consistente em quatro pesquisas
Para Andrei Roman, diretor da Atlas, esse recorde de rejeição é ainda mais grave por não estar ligado a nenhuma crise específica, como notícias recentes de escândalos de corrupção. A perda de prestígio tem componentes “mais rápido”, como texto e desemprego, que “atingem inclusive o núcleo duro do bolsonarismo”, afirma o pesquisador.
“Antes, a popularidade de Jair Bolsonaro caía quando ele criava uma crise ou surgia uma notícia ruim, mas ele sempre se recuperava rapidamente após a fase de maior turbulência. Agora, ele parece ter perdido esta capacidade de recuperação pronta. Sugere um desgaste que veio para ficar ”, explicou Andrei Ronan ao jornal Valor, que divulgou uma pesquisa.
O “derretimento” do fascista no poder
Outras três pesquisas que saíram na semana passada confirmaram essa rejeição mais consistente ao fascista no poder. Como registrou o jornal Brasil de Fato, “os levantamentos feitos por Paraná Pesquisas, PoderData e Ipespe apontaram a consolidação de Lula na anterior e a tendência de queda do presidente atual Jair Bolsonaro (sem partido)”.
O “derretimento” do atual presidente foi captado em todas as sondagens. A pesquisa do PoderData mostra que uma parcela da população que considera o trabalho do presidente “ótimo” ou “bom” foi à mínima histórica e chegou a 22%. A oscilação negativa foi de 2 pontos percentuais em relação ao levantamento realizado 15 dias antes.
“Os números da avaliação do trabalho de Bolsonaro colocam o presidente em seu pior saldo desde abril de 2020, quando começou a série histórica do PoderData. A diferença entre os que acham o chefe do Executivo ‘ótimo’ ou ‘bom’ e ‘ruim’ ou ‘péssimo’ é agora de 35 pontos percentuais. Na última rodada, era de 33 ”.
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*Jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro do Comitê Central do PCdoB.
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