Altamiro Borges: a fila do osso de boi e a fila do Porsche
O Brasil é mesmo o país dos contrastes. Em um extremo, o da maioria da população, pessoas na fila de um açougue por ossos de boi, 19 milhões de brasileiros com fome crônica, 50 milhões em insegurança alimentar e 15 milhões de desempregados. No outro extremo, o da minoria burguesa egoísta, uma fila de 1.500 ricaços para comprar um carro Porsche a partir de R$ 508 mil.
Por Altamiro Borges*
Segundo relato da Folha, “parte dos showrooms da Stuttgart, revendedora de carros Porsche que responde pela maior parte do mercado da marca no Brasil, foi completamente esvaziado. A fila de espera pelos veículos tem, hoje, 1.500 compradores, e a entrega pode levar de seis a oito meses, dependendo do modelo”.
Animadíssimo, Marcel Visconde, presidente da Stuttgart, “diz que mercado foi pego de surpresa com o aquecimento na demanda pelos veículos de luxo, que custam a partir de R$ 508 mil, conforme a tabela Fipe. A Stuttgart vendeu 1.692 veículos da Porsche de janeiro a junho de 2021. O número já se aproxima do total negociado em todo o ano passado (1.939)”.
Mundialmente, a Porsche produz uma quantidade limitada de automóveis por ano, entre 250 mil a 350 mil unidades. Os ricaços brasileiros aparecem na lista dos principais compradores no mercado internacional. “A procura aumentou em proporções semelhantes nas oito lojas da rede, que estão espalhadas por São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e estados da região sul. Cerca de 80% dos clientes compram à vista, segundo a empresa”, relata a Folha.
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*Jornalista e presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro do Comitê Central do PCdoB.
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