O presidente da Associação de Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp), Eduardo Lima de Souza, afirmou que os sucessivos aumentos no preço dos combustíveis fizeram com que 25% dos motoristas de aplicativo deixassem de trabalhar para as plataformas desde o início de 2020. Eduardo diz ainda que o valor pago aos trabalhadores pelos aplicativos não é reajustado desde 2015.

A constatação foi feita a partir de uma base de dados da Prefeitura de São Paulo, na qual havia 120 mil motoristas cadastrados no início de 2020 e, hoje, são 90 mil.

“Os motoristas entraram numa fase crítica depois desses consecutivos aumentos dos combustíveis. Uma situação muito grave. Não tivemos reajuste de tarifa nem para acompanhar a inflação desde 2015. O motorista vem sentindo isso e muitos vêm desistindo desde o início da pandemia, em 2020”, afirmou.

De acordo levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), na semana de 8 a 14 de agosto, o preço médio da gasolina comum no país era de R$ 5,86 por litro. O litro mais barato vendido no país custava R$ 4,99 e o mais caro passava de R$ 7,18. O preço médio subiu 40% em relação ao preço encontrado na bomba há um ano. Esse ano já foram nove aumentos consecutivos.

Motorista há mais de 20 anos, Rosimar Pereira, trabalha há seis meses em aplicativos de transporte e reconhece que a tecnologia o ajudou a ampliar a clientela, mas o lucro ao fim do mês já não dá conforto à família. Mesmo trabalhando de 10 a 12 horas por dia, ela afirma que os lucros não passam dos R$ 1,5 mil desde que o preço do combustível explodiu.

“Só não desisti ainda porque fiz dívidas durante a pandemia e, sem outro emprego, não consigo pagar. Trabalhar como motorista já foi muito bom, mas hoje o custo é muito alto e a troca valeria a pena”, disse Rosimar.

Rosimar afirma que se encontrar outra oportunidade de trabalho com salário semelhante, será um a menos nas ruas de São Paulo. “A depreciação do carro seria muito menor”, justifica.

A gasolina pesa no bolso do consumidor de classe média que tem carro e dos trabalhadores que dependem de veículos automotores para seu sustento, como motoristas de aplicativos e entregadores.

Ainda de acordo com o monitoramento da ANP, o valor médio nacional do litro do etanol passou de R$ 3,54 para R$ 4,36, um aumento de 23,1% em apenas quatro meses. Considerando a variação desde maio de 2020, quando chegou a custar R$ 2,74, até junho, o aumento foi de 59%.

O presidente da AMASP afirma que uma das pautas da categoria é que os aplicativos tomem medidas para aumentar os valores repassados aos trabalhadores.