Alertas de desmatamento na Amazônia Legal batem novo recorde em junho
Os alertas de desmatamento na Amazônia em junho bateram novo recorde histórico para o período, desde o início do monitoramento do sistema do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 2016.
Segundo o Inpe, a área sob alerta de desmatamento foi de 1.062 km2, a maior para o mês de junho desde o ano de 2016. O número representa um aumento de 1,8% em relação a junho de 2020.
De janeiro a junho de 2021, foram desmatadas 3.609,6 km² da Amazônia, o que representa um crescimento de 17% em relação ao primeiro semestre de 2020. Além disso, os últimos quatro meses foram de alta recorde nos alertas de desmatamento.
De acordo com o Observatório do Clima (OC), os dados indicam que o desmatamento anual — medido de agosto de um ano a julho do seguinte — deverá ultrapassar pela terceira vez consecutiva a marca de 10 mil km² de destruição da Amazônia. Situação como está, não ocorria desde 2008.
Com a chegada dos dados de julho, será fechado o levantamento do Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes), que consolida os índices anuais de desmatamento (de agosto a julho de cada ano).
Os dados divulgados, nesta sexta-feira, como dito acima, são do Deter, um sistema de monitoramento por satélite em tempo real, criado para alertar a fiscalização a combater crimes ambientais que estão acontecendo em campo. Não serve como taxa oficial de desmatamento, mas é um bom termômetro da situação. A tendência apontada pelo Deter, normalmente, é confirmada depois pelo Prodes.
Dados também do Inpe já mostraram alta nos focos de incêndio na região: 2.308 em junho, maior número para o mês desde 2007. A maior parte das queimadas (66,5%) foi em Mato Grosso, seguido por Pará (18,4%) e Rondônia (5,7%). As terras indígenas da região, que são áreas protegidas, tiveram 110 ocorrências de incêndio.
Desde 2019, Bolsonaro é criticado no Brasil e no exterior pelo aumento exponencial das queimadas e do desmatamento. A resposta de Bolsonaro tem sido a realização de operações militares na região, mas os registros de perda vegetal continuam altos.
Especialistas condenam o uso, apenas, das tropas na região, pois elas não têm a mesma expertise que os agentes ambientais no combate ao desmatamento e às queimadas. Também houve críticas à divulgação prévia das localidades onde os militares vão atuar – essa informação pode ajudar os desmatadores a desviar das operações.
No fim do mês passado, o governo Jair Bolsonaro anunciou uma nova atuação de militares na Amazônia, com prazo até o fim de agosto. A medida vale para terras indígenas, unidades federais de conservação ambiental, em áreas de propriedade ou sob posse da União, e, se pedido pelos governadores, em outras áreas dos Estados do Amazonas, Mato Grosso, Pará e Rondônia.
Já nesta semana, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou que cerca de 3 mil militares das Forças Armadas serão deslocados para atuar em ações de apoio e combate ao desmatamento. Ele chegou a afirmar que, quando os militares deixaram a Amazônia no fim de abril, houve aumento do desmatamento. Naturalmente, porém, com o fim das chuvas em muitas regiões, ocorre o avanço dos criminosos sobre as áreas protegidas.