Pequeno aumento nos gastos do Estado não foi suficiente para frear a recessão alemã | Foto: Tom Werner (Getty Images)

O Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha registrou uma queda de 9,7% neste segundo trimestre em relação ao anterior, a maior da sua história. Apesar da retração econômica causada principalmente pela expansão da pandemia do coronavírus, a taxa de emprego recuou apenas 1,3%.

“A contração da economia alemã foi, portanto, muito maior que durante a crise financeira e econômica de 2008 e 2009, quando o PIB baixou 4,7% no primeiro trimestre de 2009, a queda mais acentuada desde que iniciaram os cálculos trimestrais do PIB na Alemanha, em 1970”, esclareceu a agência de estatísticas do governo alemão (Destatis).

A brutalidade da tragédia social foi administrada por políticas públicas emergenciais no primeiro semestre (janeiro a junho) deste ano, que fizeram com que as instituições federais, estaduais, municipais e de seguridade social aportassem 51,6 bilhões de euros a mais do que arrecadaram. O desembolso, mais do que necessário, provocou o equivalente a um déficit de 3,2% do PIB.

Outro percentual que contribuiu para o combate à recessão foi o aumento do consumo do Estado em 1,5% no trimestre, apontou o estudo, devido ao aporte a programas de resgate – implementados pelo governo – para abrandar os danosos impactos econômicos provocados pela pandemia.

Entre outras importantes medidas de reativação da economia, com as quais o governo alemão pretende estimular os gastos das famílias, está o corte temporário no imposto sobre o valor agregado (IVA), de julho a dezembro, no valor de até 20 bilhões de euros.

Para se ter uma dimensão da tragédia contra a qual se está lutando, a Destatis apurou que no último trimestre (abril, maio e junho) os gastos do consumidor recuaram 10,9%, os investimentos de capital caíram 19,6% e as exportações despencaram 20,3%. Um dos principais problemas foi a retração da indústria da construção civil, normalmente impulsionadora do crescimento, que baixou 4,2%.

Apresar disso, o Destatis informou que no segundo trimestre o número de ocupados alcançou a 44,7 milhões de pessoas, o que representou uma diminuição de 574.000 (-1,3%) em relação ao ano anterior, frisando que mecanismos como a redução da jornada de trabalho permitiram frear o aumento do desemprego.

Conforme o estudo, medidas para conter a propagação da covid-19 paralisaram grande parte da economia, com o fechamento de lojas, hotéis e restaurantes, além da suspensão de atividades em fábricas, feiras comerciais e eventos culturais.

Nos Estados Unidos, mediante a resposta caótica do governo federal, a taxa de desemprego oficial subiu 7,4 pontos percentuais neste mesmo período. De 3,7% ao final do segundo trimestre de 2019, para 11,1% em junho deste ano.