Alemanha prevê tempos “sombrios” na economia devido as sanções à Rússia
O Ministério das Finanças da Alemanha avaliou em seu relatório mensal, nesta sexta-feira (19), que as perspectivas para o desenvolvimento da economia do país são “visivelmente sombrias” e marcadas por “um alto grau de incerteza”.
“Os fornecimentos de gás significativamente mais baixos da Rússia, os aumentos persistentemente altos dos preços da energia e, cada vez mais, de outros bens, bem como as interrupções na cadeia de fornecimento mais longas do que o esperado estão pesando muito sobre o desenvolvimento da economia”, destacou o relatório.
No mês passado, a diretora assistente do Departamento Europeu do Fundo Monetário Internacional (FMI), Oya Celasun, já havia advertido que a Alemanha pode enfrentar “riscos negativos significativos” no futuro próximo devido à escassez de fornecimento de gás.
“Isso também é um grande fator para a Alemanha. Esperamos que o crescimento desacelere para o mundo como um todo”, disse ela, acrescentando que o fechamento parcial do gasoduto Nord Stream 1 (Corrente do Norte 1) levou a uma queda na confiança do desempenho econômico.
Em maio, a empresa internacional Global Consult constatou que pelo menos 53% dos alemães admitiram que sua situação financeira piorou em relação ao ano de 2021 devido às sanções impostas pelos países ocidentais à Rússia. A pesquisa também indicou que apenas 13% dos entrevistados esperam “tempos bons e contínuos” para a economia alemã.
De acordo com o Ministério das Finanças, o governo deve apresentar projeções econômicas atualizadas no dia 12 de outubro.
No início de julho, a estatal de energia russa Gazprom teve que fechar o Nord Stream 1 — que fornece gás natural russo para a Alemanha através do mar Báltico — durante dez dias, por conta de que alguns dos equipamentos que precisavam de manutenção não foram devolvidos à empresa por submissão às sanções ocidentais. Em seguida, acabou tendo que cortar parte significativa do fornecimento, reduzindo sua capacidade de entrega para 20%.
Em uma cúpula em Bruxelas, os líderes da União Europeia (UE) acordaram praticar um embargo ao petróleo russo transportado por mar como parte do sexto pacote de sanções em resposta à operação especial de Moscou para desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia. O presidente russo, Vladimir Putin, assinalou que os riscos relacionados às sanções ocidentais ainda permanecem, mas enfatizou que as medidas restritivas da UE funcionaram como tiros que saíram pela culatra.
Gasoduto Nord Stream 2
“O Ministro Federal de Assuntos Econômicos deve fazer tudo para que tenhamos mais energia. Devíamos lançar imediatamente o Nord Stream 2 para encher nossas instalações de armazenamento de gás para o inverno”, declarou o vice-presidente do Bundestag, Wolfgang Kubicki, nesta sexta-feira (19) ao grupo de mídia alemão RND.
Segundo o político “o gás do gasoduto Nord Stream 2 não é diferente do gás no gasoduto Nord Stream 1. É apenas um gasoduto diferente e temos que pensar nos nossos problemas para não os agravar ainda mais”, acrescentou.
O gasoduto Nord Stream 2 se estende por 2.460 quilômetros, atravessando o fundo do mar Báltico. Tem capacidade para bombear anualmente 55 bilhões de metros cúbicos de gás da Rússia para a Alemanha. A infraestrutura estava pronta para operar já em setembro de 2021, mas em 22 de fevereiro de 2022 o chanceler alemão Olaf Scholz interrompeu a certificação do novo gasoduto.
De forma patética, em lugar de não se submeterem aos ditados dos Estados Unidos e aderindo às sanções russofóbicas, o ministro da Economia, Robert Habeck, e o chefe da Agência Federal de Redes da Alemanha, Klaus Muller, pediram aos cidadãos que reduzam o consumo de eletricidade para economizar dinheiro e energia.
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