Jens Spahn, ministro da Saúde alemão, em visita a hospital

A Alemanha informou plano de aquisição de 30 milhões de doses da vacina russa Sputnik V a serem aplicadas entre os meses de junho e agosto. A notícia foi confirmada pelo primeiro-ministro do Estado federado da Saxônia, Michael Kretschmer, que viajou a Moscou para iniciar negociações com as autoridades do Centro Nacional de Pesquisas de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, instituição que desenvolveu o imunizante.

A previsão é que Berlim compre 10 milhões de doses para junho e outros lotes semelhantes para julho e agosto. Porém, tudo estará sujeito a um requisito: a aprovação da Agência Europeia de Medicamentos (EMA). A decisão foi tomada em conjunto com o compromisso de iniciar negociações para que a EMA analise o medicamento de forma a dar-lhe luz verde definitiva para a sua entrada formal no mercado europeu o mais rápido possível.

Por isso, “nos pronunciamos firmemente a favor de um processo de aprovação para maio”, disse Kretschmer após a reunião em Moscou com o ministro da Saúde da Rússia, Mikhail Murashko.

Por sua vez, o Fundo Soberano Russo (RDIF), que financiou o desenvolvimento da Sputnik V, afirmou em 8 de abril que havia começado a negociar com Berlim “um contrato de compra antecipada”.

O ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, assinalou que o seu país decidiu negociar a compra por conta própria porque a Comissão Europeia se recusou a negociar em nome dos 27 países do bloco da UE, ao contrário do que fez com outras vacinas contra a Covid-19.

No país, aumenta a pressão a favor da vacina russa. A Baviera, a maior região do país, anunciou na quarta-feira (21) que negociou um “contrato preliminar” para receber 2,5 milhões de doses, transação condicionada à autorização da EMA. A R-Pharm Germany, filial do grupo russo de fabricação de medicamentos R-Pharm, deve produzir doses em Illertissen, município da Baviera.

A região de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental também anunciou uma decisão semelhante.

No momento, apesar do ritmo lento da vacinação na Europa por falta de imunizantes e do aumento de contágios na pandemia, a EMA não estabeleceu prazo para decidir se autoriza ou não a vacina criada na Federação Russa. No caso das demais vacinas, os estudos demoraram entre dois e quatro meses.

A notícia dessa negociação acontece quando a Alemanha considera a eliminação dos critérios de prioridade para sua campanha de vacinação. Isso é esperado a partir de maio, mês em que a gestão de Angela Merkel espera ter um volume suficiente de imunizantes para ampliar a vacinação em massa. No país o número de casos, segundo dados da Universidade Johns Hopkins na sexta-feira (23), é de 3.263.415 e de mortes 81.326.